Chile vira à direita, mas é o gigante das pensões que decide o futuro do Bitcoin

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O Chile vive uma virada política marcante após uma vitória de José Antonio Kastque liderou a presidência com cerca de 58% dos votos. A mudança gerou expectativas no mercado financeiro e também acendeu especulações no mundo criptográfico sobre um caminho possível parecido com o de El Salvador. No entanto, enquanto parte da comunidade imagina um “momento Bukele”, os especialistas alertam que existe um sinal silencioso de US$ 229 bilhões que pesa muito mais.

O resultado eleitoral apontado para um Chile mais conservador, focado em segurança e crescimento econômico. A ocorrência imediata dos mercados reforçou esse diagnóstico. O peso chileno se fortalece e as ações locais sobem, impulsionadas pela expectativa de menos burocracia e mais investimento privado.

Instituições chilenas seguem uma rota diferente de El Salvador

Apesar da retórica dura contra o crime e da aproximação ideológica com líderes como Nayib Bukele e Javier Milei, o Chile opera em outra lógica. A comparação com El Salvador é tentadora, mas enganosa. O sistema chileno está ancorado em três pilares institucionais que impedem mudanças radicais, especialmente no campo financeiro.

Ó Banco Central do Chile mantém postura técnica e cautelosa. O órgão publicou análises sobre moeda digital (CBDC) e ajudou na implementação do regime de financiamento aberto previsto na Lei Fintech. Essa estrutura reduz o espaço para iniciativas abruptas, como transformar o Bitcoin em moeda corrente.

O segundo pilar é ainda mais significativo: o sistema de pensõesum gigante que ultrapassou US$ 229,6 bilhões em ativos no final de 2025. Esses recursos só podem ser movidos dentro de regras de governança, custódia e risco. Qualquer exposição ao Bitcoin dependeria de produtos regulamentados, como ETFs locais, e não de decretos presidenciais.

O terceiro fator é o enquadramento tributário. O Chile já trata criptoativos como bens tributáveis. Isso incentiva a adoção por intermediários regulamentados, não por imposição estatal.

O que realmente pode acontecer com o Bitcoin no Chile

Para especialistas como Maurício Di Bartolomeocofundador da Ledn, esperar um “momento Bukele” é desperdiçado energia. Ele afirma que o avanço deve ser incremental e técnicocomeçando por ETFs locais, diretrizes claras para custódia bancária e regras seguras para distribuição.

Esses passos abririam espaço para que os bancos oferecessem compra, venda e guarda de Bitcoin de forma formal. O próximo movimento seria observar se os reguladores permitiam pequenos incentivos fiscais, como isenções para transações de baixo valor.

O grande teste, porém, será a entrada das pensões. Mesmo pequenas alocações de 25 a 50 pontos-base poderiam movimentar bilhões de dólares se existissem produtos locais adequados.

Enquanto parte da comunidade insiste em esperar um gesto presidencial, os analistas apontam que o Chile seguirá outro caminho: adoção por infraestrutura regulamentadanão por simbolismo. A chave será observar bancos, ETFs e normas de custódia, não discursos políticos.

O Chile não terá seu momento Bukele tão cedo. Mas pode ter algo mais duradouro: um mercado que absorve o Bitcoin de forma institucional, previsível e escalável.

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Fontecriptofacil

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