O Bitcoin entra na reta final do ano em uma posição paradoxal. A adoção institucional nunca foi tão forte, mas o movimento de preços segue hesitante, pressionado pela baixa liquidez, redistribuição de investidores antigos e fluxos globais inconsistentes.
Com o mercado já atento a 2026, a questão não é mais se a tese monetária do Bitcoin se mantém, mas quando o preço acompanhará essa realidade.
Liquidez, impacto negativo, impulso de curto prazo
O Bitcoin fecha o ano com dinâmicas típicas do período festivo, em vez de novas descobertas fundamentais.
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“…Com as condições de feriado continuando a restrições à liquidez, surgem momentos de alta volatilidade no mercado à vista, o que já era esperado”, afirmaram os analistas do QCP.
Segundo os analistas, essa volatilidade deve ser uma compra discricionária, não a reposicionamentos provocados. A QCP acrescenta que a demanda vem de mercados à vista e futuros perpétuos, ambos operando com liquidez reduzida.
Parte da pressão compradora veio da Strategy, que informou ontem (29) ter adquirido 1.229 Bitcoins na semana anterior, ao custo de US$ 108,8 milhões, com preço médio de US$ 88.568 por unidade.
Mercados de opções sinalizando alta fragilidade
Após o vencimento de grandes opções na sexta-feira, o financiamento dos contratos perpétuos do Bitcoin na Deribit saltou de níveis quase equivalentes a acima de 30%, refletindo possível otimismo entre os dealers.
A QCP informou que os traders que estavam comprando em gama antes do vencimento — mantendo os preços em faixa estreita — agora estão, na prática, vendidos em gama na alta. À medida que o preço sobe, esses participantes precisam comprar Bitcoin à vista ou opções de compra próximo ao vencimento para proteção, ampliando o movimento de alta.
A nota da QCP Capital de segunda-feira destacou compras prejudiciais nos contratos perpétuos e aumento na demanda por opções de compra do Bitcoin. A QCP projeta que uma movimentação sustentada acima de US$ 94.000 pode transferir uma pressão compradora ampliada por gama.
Pelo lado negativo, a busca por proteção de curto prazo. A desvio de opções de venda caiu após investidores optarem por não renovar uma posição relevante de opção de venda de US$ 85.000 para dezembro.
Além disso, cerca de 50% do interesse aberto foi liquidado após o registro de vencimento de sexta-feira, deixando boa parte do capital fora do mercado. Conforme nota da QCP Capital, à medida que os investidores voltam a se posicionar, é provável que a volatilidade retorne, mas a direção ainda é incerta.
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Ásia acumula enquanto os EUA vendem
Essa incerteza acontece de forma desigual entre as regiões. Segundo a Laser Digital, a última semana apresentou o tradicional ritmo lento dos feriados.
O que chamou a atenção foi a divergência clara no desempenho entre os fusos horários. Bitcoin e Ethereum caíram mais de 3% durante o horário dos EUA, mas recuperaram as perdas nas sessões asiáticas.
Em nota aos investidores, a Laser Digital atribuiu esse padrão à realização de prejuízos fiscais nos EUA, destacando ainda que a criptomoeda teve desempenho inferior à maioria dos ativos globais no ano. O resultado foi vendedor pressão estável dos americanos, compensada por compras internacionais.
Mesmo com pouco movimento nos mercados, analistas da Messari enfatizam o avanço da criptografia no ambiente institucional. O volume de stablecoins atinge níveis recordes e os reguladores discutem abertamente a infraestrutura do mercado on-chain.
“…Ainda assim, quase nunca a percepção foi tão negativa”, afirmou o relatório de fim de ano dos analistas da Messari, sinalizando uma distância crescente entre o sentimento e a realidade.
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Por que o Bitcoin ficou para trás em 2025
O desempenho fraco do Bitcoin em relação ao ouro e às ações no fim de 2025 levantou dúvidas sobre a narrativa de “ouro digital”. O ouro subiu mais de 60% no ano, as ações renovaram máximas históricas, enquanto o Bitcoin permanece levemente negativo.
A Messari avalia que as fraquezas decorrem da oferta, e não de fatores estruturais.
Investidores antigos com grandes saldos foram vendedores ao longo de 2025, aproveitando o crédito institucional. No início do ano, a Galaxy Digital intermediou a venda de 80 mil BTC de um investidor da era Satoshi. Dados on-chain apontam que carteiras entre mil e 100 mil BTC desfizeram-se de centenas de milhares de moedas no mesmo período.
Ao mesmo tempo, dois motores importantes de demanda enfraqueceram. Os esportes em tesourarias de ativos digitais recuaram em outubro, e os ETFs de Bitcoin à vista, antes de compradores regulares, passaram para o lado vendedor.
O mercado precisava absorver a oferta crescente exatamente quando os esportes diminuíram.
A Messari não vê isso como um prejuízo permanente. “…Quando houver dúvida, amplie a visão”, orientaram os analistas, ressaltando que o Bitcoin já passou por quedas mais longas e profundas em ciclos anteriores, antes de se recuperar.
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O panorama do preço do Bitcoin em 2026
Segundo Messari, o Bitcoin não deve mais ser aplicado apenas pelo ciclo de quatro anos. Como ativo macro, seu desempenho será impactado principalmente por fatores amplos, política monetária, decisões de alocação institucional e ações de finanças soberanas.
Ainda assim, os analistas da Messari já veem cenários de preços claros para 2026:
- US$ 86 mil–US$ 90 mil segue como uma zona crítica de suporte estrutural, reforçada por compras à vista e menor busca por proteção contra quedas.
- US$ 94 mil é o principal gatilho de alta. Um avanço sustentado acima desse nível pode acionar compras impulsionadas por gama e reprecificar opções de compras para 2026.
- US$ 100 mil–US$ 110 mil representam a próxima grande barreira psicológica e estrutural, onde pode haver realização de lucros por parte de investidores antigos.
Além desses patamares, seria necessário um novo ciclo de transportes institucionais — via ETFs, tesourarias corporativas ou compras soberanas — para sustentar um alto rumo a novas máximas em 2026.
Convicção de longo prazo permanece
Apesar da frustração de curto prazo, analistas da Messari seguem confiantes na trajetória do Bitcoin.
“O Bitcoin consolidou sua posição como o principal entre os criptoativos e é, sem dúvidas, a principal forma de moeda digital”, escreveram os analistas.
O Bitcoin segue superando praticamente todos os principais ativos do setor em períodos plurianuais, impulsionado pela demanda institucional contínua. Os ETFs à vista, liderados pelo IBIT da BlackRock, transformaram a estrutura do mercado, enquanto quase 200 empresas já registraram Bitcoin em seus balanços.
Para 2026, a confiança da Messari está baseada em fundamentos. Em um cenário de aumento da dívida pública, a repressão financeira e a queda dos rendimentos reais, a política monetária previsível do Bitcoin, somada à possibilidade de autocustódia e portabilidade global, se destaca diante dos demais.
Fontebeincrypto



