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O ano de 2025 termina de forma um tanto frustrante para o Bitcoin, que opera em uma faixa bem abaixo do número dourado de US$ 126 mil que caiu em outubro. Mais que isso, a euforia que começou com o retorno de Donald Trump para a presidência dos EUA fez com que o mercado tivesse grandes descobertas de que o BTC chegaria neste dezembro no seu nível recorde.

Mas classificar o ano como decepcionante seria, mais que um exagero, um erro factual. O Bitcoin operou quase o ano todo acima dos US$ 100 mil, renovou sua máxima diversas vezes e entrou de vez para o cenário institucional do mercado financeiro global. O Bitcoin agora é uma opção de investimento levada em consideração ao lado de ações da Nasdaq, commodities, títulos do Tesouro e outros produtos financeiros já consolidados.

2025 foi o ano mais importante para a institucionalização do Bitcoincom esse processo tendo começado já em 2024″, afirma Rony Szuster, head de research do Mercado Bitcoin (MB). O especialista ressalta que essa transformação teve início com a aprovação do ETF de Bitcoin, em janeiro de 2024, mas foi com a posse de Trump, neste ano, que uma mudança regulatória ocorreu na prática.

“A chave foi virada em relação à criptografia e à nossa sociedade o Genius Act, a criação da reserva estratégica de Bitcoin dos EUA, a aprovação de outros ETFs de diversas altcoins, além do boom das empresas de tesouraria de Bitcoin”, diz Szuster.

Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase, também define o ano de 2025 como um divisor de águas para a institucionalização do Bitcoin. “Ao vermos o ativo operar consistentemente acima dos US$ 100 mil e renovar registros, o que testemunhamos não foi apenas um especificações de preço, mas a consolidação de uma infraestrutura de confiança. Uma entrada de gigantes como a Vanguard, permitindo o acesso de seus 8 milhões de clientes a ETFs de criptografia, simboliza essa institucionalização definitiva, quando o Bitcoin deixou de ser um ativo de nicho para se tornar um componente estratégico em portfólios específicos”, afirma.

João Canhada, fundador da Foxbit, resumiu: “O Bitcoin passou a ser tratado como ativo, não como experimento”.

Análise para 2026

Canhada afirma que a tendência do BTC é de alta a partir de uma análise estrutural, ainda que com volatilidade no curto prazo. “O Bitcoin continua reagindo à liquidez, aos juros e ao apetite por risco, mas hoje existe uma base institucional que não sai no primeiro solavanco. Isso muda a dinâmica. As oscilações vão existir, mas o viés de longo prazo segue positivo”, diz.

O fundador da Foxbit ainda aponta que existem chances de o Bitcoin renovar sua máxima no próximo ano e que o ativo só deve operar abaixo de US$ 80 mil se ocorrer um fator macro de muita relevância.

Szuster aponta que existem duas teses no momento para o Bitcoin em 2026: uma que segue o modelo clássico de ciclo de quatro anos ligado ao halving e outra na qual o ativo está agora mais correlacionado com indicadores econômicos que regem o mercado financeiro global e por isso pode ter altas (e baixas) mais tensas.

Veja abaixo como foi o ano do Bitcoin em relação ao preço, mineração e invocações no código:

O preço do Bitcoin em 2025

O primeiro grande momento do Bitcoin foi no dia 6 de janeiro, quando reconquistou pela primeira vez no ano a cotação de US$ 100 mil. Naquele momento, o mercado ainda apontava que essa alta era efeito do “Trump Trade”: o presidente eleito falou durante a campanha que os EUA seriam a capital mundial das criptomoedas e que o país faria uma reserva estratégica de BTC.

Mas isso era apenas um leve gosto do que iria vir. No dia 20 de janeiro, dados da posse de Trump, o Bitcoin renovou sua máxima histórica ao bater US$ 108.786. O Republicano não falou sobre BTC em seus discursos de posse, mas a euforia tomou conta do mercado mesmo assim.

Só que a lua de mel durou um pouco. Menos de dois meses depois, no dia 10 de março, o Bitcoin já tinha sido recuperado para a faixa dos US$ 79 mil. Esse resultado ruim refletiu as políticas tarifárias de Trump, que impôs sobretaxas nas taxas de quase todos os países (tendo depois recuado muitas vezes) e após o Trmp não descartar que os EUA poderiam passar por uma recessão.

Ao final do primeiro trimestre, o Bitcoin caiu 10% no ano. Este foi o pior resultado do ativo para o período desde 2020.

Mas o pior ainda não tinha chegado. No dia 8 de abril o Bitcoin atingiu seu piso no ano, ao bater na faixa de US$ 76 mil. Foi um fato totalmente azedo dos mercados financeiros globais à decisão de Trump de manter suas tarifas naquele momento.

Depois disso, o Bitcoin começou sua verdadeira escalada do ano: renovou sua máxima histórica no dia 22 de maio ao chegar em US$ 111.544. No dia 10 de julho, o BTC chegou em US$ 112.055 impulsionado pelo ambiente de alta liquidez global, a recuperação do setor de tecnologia e o crescimento do fluxo institucional para criptoativos e ETFs de Bitcoin.

No dia 13 de julho, nova máxima. O Bitcoin ultrapassou a barreira dos US$ 119 mil após um tuíte de Michael Saylor dizer que a Strategy faria uma grande compra da criptomoeda. Um dia depois, novo “all time high”: US$ 122.780.

A faixa dos US$ 123 mil foi obtida no dia 13 de agosto, em meio a uma pressão que se instalou para um corte mais profundo de juros na economia dos Estados Unidos que veio após um relatório sobre a inflação nos EUA ter mostrado que o índice está estável.

Finalmente, no dia 6 de outubro o Bitcoin chegou ao máximo histórico que perdura até o momento: US$ 126.080.

Apesar do recorde de preço, o que parecia ser mais um “Uptober” acabou não ocorrendo. O Bitcoin começou a cair diante de uma pressão de venda para realização de lucros dos grandes detentores e um medo dos investidores nos mercados tradicionais. Neste final de ano, o Bitcoin se mantém logo abaixo da faixa de US$ 90 mil.

Um sinal preocupante de que um mercado de baixa pode ter se formado é o fato de que a quantidade de BTC que ocorreu por pelo menos dois anos caiu em 1,6 milhão de moedas desde o início de 2023, o equivalente a cerca de US$ 140 bilhões. Essa queda do nível de moedas intocadas significa na prática que ocorrem vendas contínuas por parte dos detentores de longo prazo. Neste ano, quase US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão) em Bitcoin estavam inativos há mais de um ano retornou a circular.

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Mineração de Bitcoin em 2025

A dificuldade para mineração de Bitcoin também foi bater recordes ao longo de 2025. Em janeiro, bateu de 109,78 trilhões de hashes. Em agosto, os indicados chegaram a 129 trilhões. Naquele momento, as taxas de transação de Bitcoin caíram para menos de 1% das recompensas do bloco pela primeira vez.

Mas o registro até agora da dificuldade de mineração foi batido no dia 9 de novembro, com 155 trilhões de hash, segundo dados do CoinWarz.

Um dado curioso é o aumento do volume de informações sem valores cobrados registrados na blockchain do Bitcoin, que chegaram a ocupar cerca de 37% do espaço dos blocos da rede em determinado momento do ano, com predominância de projetos como OP_RETURN e Ordinals. Na prática, isso equivale a aproximadamente 0,58 MB por bloco, de um total médio entre 1,5 e 1,6 MB.

Reserva Estratégica dos EUA

Um elemento que mexeu com o mercado criptográfico foi a tão falada “Reserva Estratégica de Bitcoin” dos Estados Unidos. No dia 6 de março, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva autorizando a criação de um cofre de ativos digitais.

A Casa Branca informou então que uma reserva seria formada por Bitcoin que o governo federal já havia confiscado como parte de processos criminais ou civis de confisco de bens. Os Estados Unidos possuem cerca de 200.000 BTC, o que equivale a cerca de US$ 17 bilhões conforme a cotação do momento de escrita desta reportagem (US$ 88 mil).

Apesar do impacto inicial do anúncio, a iniciativa avançou um pouco na prática. A ordem executiva não criou automaticamente a reserva nem autorizou novas compras de Bitcoin, limitando-se a organizar e estudar o uso dos ativos já apreendidos. Questões operacionais (como custódia, auditoria, critérios contábeis e a definição de administração de quemia o estoque) travaram a melhoria e o resfriamento conforme as expectativas do mercado.

Além disso, há assuntos legais e políticos. Qualquer mudança estrutural, como permitir aquisições adicionais ou transformar o Bitcoin em ativo estratégico permanente, tende a ser avaliada pelo Congresso e alinhamento entre agências federais, algo que não ocorreu até agora.

Novo Núcleo Bitcoin

No dia 15 de abril foi lançada a versão 29.0 do Bitcoin Core, o software mais utilizado para operar nós na rede Bitcoin. Essencial para o funcionamento do ecossistema, o programa é responsável por validar transações, propagar blocos e manter a integridade do sistema descentralizado que sustenta a maior criptomoeda do mundo.

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Conforme aponta a equipe do Bitcoin Core no blog oficial do projeto, entre as mudanças mais relevantes da nova versão está a correção de um erro técnico que impede a mineração de blocos no tamanho máximo permitido pelas regras da rede. Até então, mesmo com a configuração correta, os blocos minerados ficaram um pouco abaixo do limite de 4 milhões de unidades de peso. A partir da versão 29.0, o problema foi resolvido, já que os mineradores ajustam as configurações específicas.

Depois, em 13 de outubro, foi lançada a versão 30.0 do Bitcoin Core, que trouxe uma das mudanças mais debatidas dos últimos tempos: o aumento do espaço permitido para dados no campo OP_RETURN, que passou de 80 bytes para até quase 4 MB por transação.

A mudança é significativamente o que pode ser armazenado diretamente na blockchain, algo que acende debates sobre o uso da rede para fins além das transferências monetárias.

O campo OP_RETURN, usado para incorporar dados arbitrários em transações de Bitcoin, sempre foi limitado para evitar abusos. Agora, com a nova, os desenvolvedores flexibilizaram essa regra ao permitir múltiplas saídas OP_RETURN por transação, com um novo limite de versão agregada de até 100.000 bytes por padrão.

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Fonteportaldobitcoin

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