Resumo da notícia

  • Mercado de stablecoins perde US$ 4,54 bi e encerra ciclo de 26 meses.

  • USDC e USDe lideram saídas, enquanto USDT amplia dominância.

  • Episódio xUSD causa contágio e derruba pares menores como deUSD.

O mercado de stablecoins registrou em novembro a primeira contração relevante desde o colapso da FTX, e o movimento marcou uma mudança clara no comportamento dos investidores.

O setor vem de uma sequência de 26 meses de expansão contínua, mas rompeu essa trajetória ao cair 1,48%, encerrando o período com US$ 303 bilhões em valor total de mercado. Embora a queda pareça pequena em termos percentuais, ela representa uma retirada de US$ 4,54 bilhões, a maior retirada mensal desde novembro de 2022.

A queda ocorreu em um cenário de preços mais fracos para os ativos digitais e aumento das saídas de capital. A mudança aparece exatamente no momento em que o mercado volta a exigir amplas liquidez dos registradores. Como resultado, o setor de stablecoins perdeu força pela primeira vez em dois anos, interrompendo um dos ciclos mais resultados e previsíveis do universo criptográfico.

Stablecoins em queda

Os dados mostram que o resgate não ocorreu de forma uniforme entre os emissores. Enquanto a maioria das stablecoins gerava saídas intensas, o Tether seguiu um caminho próprio.

O USDT cresceu 0,56% e alcançou US$ 184 bilhões em capitalização, ampliando sua presença para 60,9% de domínio, o maior nível em vários meses. A alta marcou o 27º mês consecutivo de crescimento para o Tether, mesmo diante das turbulências que atingiram seus principais concorrentes.

Em contraste direto, o USDC recuperou US$ 2,05 bilhões, enquanto o USDe perdeu US$ 2,15 bilhões, uma queda de 22,5% apenas em novembro. O movimento sinaliza uma transferência clara de confiança e liquidez dentro do setor, já que as altas do Tether não conseguiram compensar integralmente a velocidade das saídas das demais stablecoins.

Assim, o peso combinado de USDC e USDe arrastou o mercado como um todo para baixo, mesmo com o desempenho positivo do USDT.

Apesar desse cenário desafiador, nem todas as stablecoins seguiram uma tendência negativa. O RLUSD, da Ripple, avançou 27,3% e alcançou US$ 1,16 bilhão, tornando-se a 22ª stablecoin a ultrapassar o marco de US$ 1 bilhão.

O ativo distribui sua oferta entre Ethereum (80%) e XRP Ledger (20%), e seu crescimento se apoia em novas parcerias externas para liquidação fiduciária. O avanço destaca que ainda existe demanda por alternativas que ofereçam integração entre redes, mesmo em um momento de retração.

Stablecoin do Euro cresce

Outro ponto que chamou a atenção veio do mercado europeu. O setor de stablecoins atreladas ao euro registrou maior alta em três anos, puxado pelo avanço do EURC, que cresceu 14% e atingiu US$ 312 milhões.

Esse salto levou a categoria a US$ 638 milhões, o maior nível desde março de 2022, com o EURC assumindo quase metade desse mercado. O movimento foi fortalecido por um aumento expressivo no volume negociado em exchanges centralizadas.

No entanto, os dados de fluxo expõem uma fragilidade que se tornou mais evidente ao longo do mês. Mesmo com algumas propostas positivas, o volume total de negociações envolvendo stablecoins atingiu US$ 1,48 trilhão, mas deve fechar o mês abaixo do registrado anteriormente. A queda no comércio de pares resultante reflete uma aversão maior ao risco e confirma o ambiente de incerteza que dominava novembro.

Além disso, casos extremos reforçaram o clima de alerta. No dia 4 de novembro, a Stream Finance revelou um prejuízo operacional de US$ 93 milhões, o que levou ao congelamento de saques e à quebra do peg de sua stablecoin sintética, o xUSD, que despencou para menos de US$ 0,30.

O problema foi encontrado rapidamente e atingiu outras stablecoins expostas ao mesmo fluxo de garantias. O deUSD, por exemplo, caiu para menos de US$ 0,02, já que 65% de sua reserva consistia em dívidas vinculadas à Stream. O episódio reacendeu o debate sobre modelos de alto risco e sobre o efeito em cascata que pode surgir em estruturas interligadas.

Assim, o encolhimento do mercado de stablecoins não aparece como um evento isolado, mas como parte de uma entrega mais ampla de retirada de liquidez. Embora o Tether tenha fortalecido sua posição e algumas stablecoins tenham conseguido avançar, a perda de dinamismo indica que o setor vive uma fase de ajuste. Novembro, portanto, marcou o mês em que esse segmento historicamente estável mostrou que também pode sofrer com a pressão sistêmica que afeta o mercado criptográfico como um todo.

Fontecointelegraph

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