Resumo da notícia

  • Uso de stablecoins triplicado entre brasileiros.

  • Ticket médio cresce quase 190% em 2025.

  • USDT e USDC ganham espaço nas carteiras.

As stablecoins, criptomoedas lastreadas em moedas fiduciárias, vêm ganhando cada vez mais espaço nas carteiras dos investidores, especialmente as que são pareadas ao dólar, como USDC e USDT.

De acordo com levantamento do MB | Mercado Bitcoin, o volume transacionado com esses ativos tri aplicados de 2024 para 2025, refletindo o interesse crescente dos investidores em alternativas de menor volatilidade, alta liquidez e atreladas ao dólar.

A análise da plataforma, elaborada para a Semana do Investidor, revela que mais de 40 mil pessoas adquiriram os ativos pela primeira vez em 2025. De modo geral, o público que mais transaciona com as duas moedas digitais pertence a uma faixa etária mais madura, de 35 a 44 anos.

Além disso, uma análise do MB aponta que os investidores brasileiros têm aproveitado cada vez mais essa instantaneidade para movimentar valores maiores: o ticket médio das transações em 2025 cresceu quase 190% em relação ao ano anterior.

Fora que, em vários países, o uso de stablecoins vai além da praticidade e passa a representar uma forma de proteção financeira: em economias com alta inflação e câmbio instável, ativos como USDT e USDC ajudam a preservar o poder de compra.

Stablecoins no Brasil

Recentemente, o Banco Central apresentou um novo conjunto de normas que transformam por completo o funcionamento do mercado de stablecoins no Brasil, trazendo critérios inéditos para empresas que operam com ativos lastreados em moedas fiduciárias. As medidas fazem parte da Resolução BCB nº 521, que entra em vigor em fevereiro de 2026, e integram o pacote regulatório que inclui também as resoluções 519 e 520. Todas foram inspiradas no modelo europeu MiCA e recomendações do GAFI e do FSB.

O BC deixa claro que as stablecoins passam a integrar oficialmente o mercado de câmbio brasileiro. Assim, qualquer operação envolvendo stablecoins equivalentes ao dólar — como USDT e USDC — passa a ser tratada como operação cambial. Esse enquadramento exige que as empresas registrem transações, informem dados ao BC e cumpram as mesmas regras aplicadas a bancos e corretoras de câmbio.

O ponto mais sensível é a proibição de stablecoins algorítmicas no Brasil. Durante a coletiva, o BC afirmou que modelos lastreados apenas em algoritmos “não serão permitidos”, citando casos internacionais em que essas moedas colapsaram e riscos sistêmicos. Assim, apenas stablecoins com lastro real, transparente e comprovado poderão ser ofertadas no país.

A nova regra determina que qualquer empresa que opere stablecoins no Brasil deve ter autorização formal do Banco Central. Essa exigência inclui exchanges, plataformas de custódia, bancos digitais e novas instituições chamadas SPSAVs. Todos devem comprovar o capital mínimo, estrutura tecnológica adequada, controles internos e governança compatíveis com o risco de suas operações.

O uso internacional das stablecoins passa a exigir atenção ainda maior. Toda transferência internacional, pagamento com cartão garantido a stablecoins, envio para carteiras não externas ou utilização para quitar obrigações fora do país será tratada como operação cambial. Então, essas transações devem ser reportadas ao BC com informações sobre dados, valor, ativo, origem, destino e especificamente.

Além disso, o Banco Central determina que as transações para carteiras de autocustódia só poderão ocorrer após a verificação da propriedade da carteira. Com isso, as empresas devem confirmar quem é o dono real da chave privada antes de liberar a transferência. A medida visa aumentar a rastreabilidade e evitar que criminosos escondam movimentações usando carteiras não identificadas.

A resolução também estabelece limites operacionais. Empresas autorizadas que não são bancos poderão realizar pagamentos internacionais com stablecoins até US$ 100 mil quando a contraparte não for para instituição autorizada. Já as menores são limitadas a operações de até US$ 500 mil no mercado de câmbio tradicional.

A regulamentação exige ainda que as empresas documentem riscos, apresentem informações claras ao cliente e informem o perfil de cada investidor. As prestadoras de serviços terão de enviar relatórios ao BC com frequência, registrar trocas entre stablecoins e moedas fiduciárias e comprovar que o cliente entendeu a natureza da operação.

Fontecointelegraph

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