Resumo da notícia

  • Hashdex projeto forte adoção institucional do Bitcoin nos próximos anos.

  • A demanda por fundos de pensão pode transformar o mercado criptográfico.

  • Bitcoin vive seu momento mais decisivo rumo à maturidade global.

A recente oscilação do Bitcoin acendeu alertas entre investidores do mundo inteiro. Mesmo assim, especialistas continuam apontando que a maior criptomoeda segue em sua trajetória mais decisiva desde o início da indústria. Durante uma entrevista para o canal Bitnada, de Felipe Escudero, em preparação para a Blockchain Conference Brasil, o diretor de pesquisas da Hashdex, Pedro Lapenta, detalhou como um gestor enxerga essa fase e por que acredita que o futuro do Bitcoin permanece robusto, apesar da forte volatilidade. As declarações dele ajudaram a ampliar o debate sobre risco, adoção institucional e transformação global da mobilidade pela tecnologia.

Logo no início da conversa, Lapenta explicou que o Hashdex nasceu justamente quando quase ninguém acreditava no potencial de uma classe de ativos baseada em blockchain.

Ele lembrou que, em 2017, muitos viam o mercado como uma moda passageira. Mesmo assim, os fundadores da gestora seguiram com a verdade de que a criptografia seria muito maior do que o Bitcoin, tanto em valor quanto em inovação. Essa visão virou alicerce para o primeiro índice brasileiro que reúne os principais ativos digitais negociados no mercado.

Produtos simples para criptografia

Lapenta destacou que os fundadores enxergaram cedo a necessidade de produtos simples, seguros e regulamentados, capazes de aproximar o investidor institucional do universo criptográfico. O reforçou que esse público não pode lidar com frases-semente, carteiras pessoais e chaves privadas. Por isso, o ETF surgiu como uma porta de entrada natural, capaz de criar pontes entre o mercado tradicional e a nova economia digital.

O gestor, segundo ele, também percebeu que os investidores institucionais buscavam uma forma de se expor ao mercado como um todo, sem escolher ativos individualmente. Assim, nasceu o índice que a Nasdaq acabou licenciando mais tarde. Hoje, o ETF de índice lançado pela Hashdex nos Estados Unidos se consolidou como um dos maiores do setor. Para Lapenta, esse avanço marca o início de um novo ciclo de adoção.

O executivo também avaliou o impacto do movimento global liderado pelos ETFs. Ele mencionou que, com o Bitcoin acima de US$ 110 mil, o ativo atinge um valor de mercado superior a US$ 2 trilhões. Com essa dimensão, qualquer variação significativa depende de fluxos muito maiores do que os observados anos atrás. Ainda assim, ele afirmou que os ETFs se tornaram um dos principais agentes de demanda e deverão crescer mais no futuro.

Durante a entrevista, Lapenta comentou a mudança de postura dos reguladores americanos. Ele explicou que, durante o governo anterior, a SEC desenvolveu um tom mais rígido, mesmo tendo à frente um presidente com conhecimento profundo em blockchain. Com a virada política, porém, os Estados Unidos abriram espaço para uma agenda ampla de regulamentação e incentivo. Isso foi um ambiente criado mais favorável ao desenvolvimento da indústria.

Grandes investimentos em criptografia

O diretor destacou que grandes nomes do mercado tradicional já estudaram alocações diretas em Bitcoin. Fundos universitários, empresas de tecnologia e varejistas globais analisam formas de incluir a criptomoeda em seus balanços. Ele citou como exemplo casos recentes de empresas que geraram milhões em BTC para reserva de caixa. Em paralelo, países como Estados Unidos e El Salvador discutem formas de manter o Bitcoin em reservas estratégicas.

Lapenta também comentou que, hoje, fundos, ETFs e empresas já controlam cerca de 8% de todo o Bitcoin existente, número que tende a crescer conforme a demanda institucional acelerada. Ele ressaltou que muitos investidores preferem ETFs porque não querem lidar com a responsabilidade de custodiar seus ativos. Assim, os veículos regulamentados tornam-se alternativas naturais.

Sobre o futuro da adoção, Lapenta explicou que os fundos de pensão representam o maior potencial de crescimento. Ele lembrou que essas instituições administram trilhões de dólares e buscam investimentos de longo prazo. Para ele, esse horizonte mais extenso combina com a volatilidade e com o comportamento de valorização do Bitcoin ao longo das últimas décadas. Quando esse capital começar a entrar com força, “a demanda pode explodir”, afirmou.

Durante a conversa, o pesquisador também analisou o papel das stablecoins e da tokenização. Ele explicou que, além do Bitcoin, o mercado vive um avanço aprimorado de trilhos financeiros digitais capazes de levar dólares para qualquer lugar do mundo em segundos. Ele destacou que, no limite, os Estados Unidos podem usar blockchains como forma de expandir a influência do dólar por meio de stablecoins, um movimento com impacto geopolítico direto.

Futuro do Bitcoin

Mais adiante, Lapenta comentou outro tema: o tamanho real que o Bitcoin pode alcançar. Ele argumentou que a criptomoeda opera como um sistema financeiro global com regras claras, comprovadas e total transparência. Para ele, essas características criam as bases para uma possível adoção como reserva de valor universal. Embora evite extremos, ele admitiu que um cenário com o Bitcoin valendo acima de US$ 1 milhão não pode ser descartado quando se olhar para a próxima década.

O reforço executivo foi que o ouro, usado há séculos como reserva global, soma algo entre US$ 20 e US$ 25 trilhões. O Bitcoin, por sua vez, vale apenas uma fração disso. Ele avaliou que, se a criptomoeda se consolidar como o ouro digital definitivo, o valor de mercado pode se aproximar do nível atual do metal precioso. A evolução não depende apenas de ciclos de hype, mas de fundamentos tecnológicos e econômicos.

Apesar disso, Lapenta deixou claro que o mercado criptográfico vai muito além do Bitcoin. Ele falou que a indústria inteira pode se multiplicar por dez nos próximos dez anos. Ele citou o avanço das plataformas de contratos inteligentes, a expansão de jogos baseados em blockchain, o crescimento de redes sociais descentralizadas e o surgimento do chamado Depin, um setor que usa poder computacional ocioso para sistemas alimentares distribuídos.

Mesmo com tantas frentes, o pesquisador afirmou que ninguém sabe exatamente quais redes vencerão essa corrida. Por isso, reforçou a importância de estratégias planejadas e de ampla exposição ao mercado. Essa abordagem reduz riscos e também permite capturar oportunidades em setores que ainda estão nascendo.

Fontecointelegraph

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