A OpenAI está transformando o ChatGPT em algo além de um chatbot. A empresa está reformulando o serviço como uma plataforma — um ambiente onde aplicativos e agentes independentes operam dentro das conversas.
Durante sua conferência para desenvolvedores realizada no início da semana, a empresa revelou duas grandes atualizações projetadas para tornar o ChatGPT o centro tanto do trabalho quanto da programação.
Um novo SDK de aplicativos permite que terceiros criem aplicativos totalmente interativos que funcionam dentro dos chats — assim, os usuários podem reservar voos pelo Expedia, criar designs no Canva ou buscar imóveis no Zillow sem sair da janela de conversa.
E o AgentKit, uma ferramenta de construção com interface de arrastar e soltar para agentes de IA independentes, permite que desenvolvedores criem fluxos de trabalho que raciocinam, busquem dados e executem ações de forma independente — tudo dentro do ecossistema da OpenAI.
Juntas, essas atualizações representam o movimento mais ousado da OpenAI até agora para transformar o ChatGPT de um assistente conversacional em uma plataforma completa — parte superaplicativo, parte sistema operacional para cálculo.
ChatGPT como um super aplicativo
“Desde nosso primeiro Dev Day, trabalhamos para abrir o ChatGPT para desenvolvedores, testamos coisas como os GPTs e adotamos padrões como o MCP (Model Context Protocol)”, disse Sam Altman na palestra de abertura em San Francisco. “Algumas dessas iniciativas funcionaram, outras não. E hoje vamos abrir o ChatGPT para que os desenvolvedores construam aplicativos reais dentro da plataforma.”
A aposta da OpenAI é simples: se o mundo já gira em torno de aplicativos, então faça com que as pessoas os utilizem dentro do GPT. Cada “app” pode responder a comandos em linguagem natural, chamar APIs e retornar resultados estruturados — fornecendo ao ChatGPT funcionalidades semelhantes a plugins, mas sem a complexidade de uma loja de extensões.
Essa visão se inspira tanto no WeChat quanto no Salesforce AppExchange: centralizar a atenção do usuário, tornar os serviços de terceiros interoperáveis e transformar o ChatGPT em um sistema operacional para raciocínio. Mas, ao contrário dos miniaplicativos do WeChat — criados por engenheiros para tarefas fixas — os aplicativos da OpenAI operam em uma zona mais flexível, onde a intenção substitui botões e os prompts substituem os cliques.
O modelo de negócio: gravidade da plataforma
Para a OpenAI, uma camada robusta de aplicativos significa mais motivos para que os assinantes permaneçam dentro do ambiente do ChatGPT e menos razões para migrarem para modelos concorrentes da Anthropic, do Google ou da Meta.
Já os desenvolvedores ganham acesso a uma base de usuários superior a 200 milhões, além de oportunidades de monetização por meio de futuros “níveis de uso” e programas de compartilhamento de receita.
Nos bastidores, cada app se conecta ao ChatGPT por meio do novo App SDK da OpenAI, um kit de ferramentas que gerencia autenticação, permissões e roteamento semântico. Por exemplo, se um usuário disser “Encontre uma casa com dois quartos e quintal em Portland”, o ChatGPT pode delegar uma consulta ao Zillow, puxar os imóveis e sugerir perguntas adicionais — “Quer que eu verifique as notas das escolas da região?”
O risco: caos no jardim murado
Abrir o ChatGPT para desenvolvedores externos também traz um problema antigo de computação: a curada. Apple e Google aprenderam que uma loja de aplicativos sem revisão rigorosa vira um campo minado de spam; o processo de revisão da OpenAI ainda é um pouco transparente.
Há também o paradoxo da experiência do usuário: quanto mais capaz o ChatGPT se torna, maior o risco de colapsar sob sua própria ambiguidade. Se meia dúzia de aplicativos podem responder a uma pergunta, quem decide qual será usado?
Agentes do ChatGPT.
A empresa também apresentou o “AgentKit”, uma plataforma que permite aos desenvolvedores construir e implantar agentes de IA independentes usando uma interface visual de arrastar e soltar. O kit inclui o Agent Builder para design de fluxos de trabalho, o ChatKit para interfaces incorporáveis, o Evals para testes de desempenho e os Connectors para integração de dados — todos restritos ao ecossistema da OpenAI.
O lançamento acontece após anos em que os desenvolvedores improvisam sistemas autônomos com diferentes ferramentas para executar tarefas com modelos de IA. A solução da OpenAI busca substituir essa abordagem fragmentada por uma tela única onde os usuários arrastam blocos, conectam lógicas e publicam agentes prontos para produção.
A interface lembra que a ferramenta open source de automação n8n oferece há anos, com uma diferença crítica: os desenvolvedores não podem substituir os modelos por concorrentes. Enquanto o n8n permite configurações agnósticas que funcionam com Claude, Gemini ou qualquer outro modelo via chave de API, o AgentKit prende os usuários exclusivamente aos modelos da OpenAI.
As respostas da comunidade no X variaram entre “A OpenAI acabou de matar o n8n” e debates sobre se as restrições compensam a conveniência.
Mas espere, há mais para programadores
A OpenAI também disponibilizou o Codex — seu modelo GPT-5 customizado para tarefas de programação — para uso geral. O agente de apoio teve um crescimento explosivo, com uso aumentando 10 vezes desde o início de agosto de 2025, acionou mais de 40 trilhões de tokens em três semanas, segundo Sam Altman.
Durante a transmissão, Altman afirmou que, dentro da OpenAI, quase todos os engenheiros usam o Codex, o que foi revisado em 70% mais pull requests aprovados semanalmente e revisões automáticas de quase todos os PRs.
A integração do Codex se estende a aplicativos de terceiros como o Slack, onde os desenvolvedores podem marcar @Codex em canais para delegar tarefas. A ferramenta reúne contexto, seleciona ambientes e fornece links de conclusão.
Os componentes do AgentKit estão sendo lançados em fases. O ChatKit, uma interface de chat para aplicativos construída no ChatGPT, e uma ferramenta de avaliação de agentes já está disponível. O Agent Builder permanece em beta, enquanto os Connectors — que incluem opções pré-configuradas para Dropbox, Google Drive, SharePoint e Microsoft Teams — estão em beta para usuários selecionados das APIs, ChatGPT Enterprise e Edu.
A biblioteca da plataforma inclui Guardrails em Python e JavaScript de código aberto para controles de segurança, além do Reinforcement Fine-Tuning para modelos como o o4-mini (disponível publicamente) e o GPT-5 (em beta privado), com chamadas de ferramentas personalizadas e avaliadas.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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Fonteportaldobitcoin
