Em resumo
- O chip PRIMA de Stanford restaura a visão de pacientes antes considerados incuráveis.
- O implante sem fio converte a luz em sinais que o cérebro pode ler.
- Testes em humanos mostram capacidade restaurada de leitura e reconhecimento facial.
Após décadas de tentativa e erro, os cientistas da Stanford Medicine deram aos pacientes cegos algo raro na medicina – uma segunda oportunidade de ver.
O seu implante sem fios PRIMA, descrito esta semana no New England Journal of Medicine, utiliza luz invisível e um chip do tamanho de um grão de arroz para restaurar a visão de leitura em pessoas com degeneração macular avançada.
Liderado pelo físico e engenheiro biomédico de Stanford, Daniel Palanker, o sistema PRIMA combina um implante fotovoltaico sub-retiniano com óculos de realidade aumentada que projetam imagens diretamente na retina, contornando os fotorreceptores danificados.
“Não está corrigindo a visão – está restaurando a visão dos cegos”, disse Palanker Descriptografar.
O ensaio clínico foi co-liderado por José-Alain Sahel, da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, com colaboradores de um consórcio internacional, incluindo a Universidade de Stanford, a Sorbonne Université, a University College London, o Erasmus University Medical Center, a Universidade de Bonn e o Hospital Universitário de Bordeaux.
Como funciona o sistema PRIMA
O sistema combina um implante microscópico que substitui fotorreceptores perdidos por óculos que o alimentam. Os óculos capturam cenas visuais e as projetam através de luz infravermelha invisível, que o implante converte em sinais elétricos que ativam as células da retina.
“Cada pixel é como um pequeno painel solar, convertendo luz em corrente elétrica”, explicou Palanker.
Esta abordagem baseada em luz permite que o implante opere sem cabos ou energia externa, aproveitando a transparência natural do olho e os neurônios sobreviventes.
Palanker concebeu a ideia depois de participar de uma conferência sobre próteses onde a maioria dos projetos ainda dependia de fios.
“Vi como outros grupos tentaram fazer isso com implantes com fios e pensei que era errado, porque o olho é um órgão transparente – podemos transmitir energia e informação através da luz”, disse ele.
Ao contrário das interfaces cérebro-computador, que contornam o olho e decodificam sinais diretamente do córtex, o PRIMA funciona dentro dos circuitos existentes no olho. Cada pixel converte a luz em um pulso elétrico que viaja através do nervo óptico até o córtex visual do cérebro.
Isso torna o PRIMA muito menos invasivo que as interfaces corticais. Palanker disse que o sistema usa a mesma fiação biológica da visão natural, permitindo que os pacientes processem a informação visual normalmente quando ela chega ao cérebro.
Da ideia aos testes em humanos
Palanker começou a desenvolver o PRIMA em 2004.
“Em 2013, tínhamos bons dados pré-clínicos em animais. Depois foi criada uma empresa em França, a Pixium Vision, que comercializou o nosso implante para uso humano”, disse.
Os testes em humanos começaram em 2018 e acompanharam 38 pacientes ao longo de cinco anos em 17 hospitais na Europa. Todos os participantes tinham mais de 60 anos e viviam com atrofia geográfica, uma forma avançada de degeneração macular.
A equipe de Palanker está desenvolvendo uma versão de alta resolução do PRIMA com pixels cinco vezes menores, o que poderia melhorar drasticamente a clareza visual. Também estão planejados ensaios para outras doenças da retina, como a doença de Stargardt e a retinite pigmentosa.
Embora o implante atual restaure apenas a visão em preto e branco, versões futuras poderão trazer cores e detalhes mais precisos – aproximando a tecnologia de imitar a visão natural.
Para os pacientes que perderam a capacidade de ler, conduzir ou reconhecer entes queridos, esse progresso representa algo que a medicina raramente oferece: o regresso de um sentido perdido.
“Pacientes, quando vocês podem ler novamente e jogar cartas e palavras cruzadas, isso traz de volta suas conexões sociais”, disse Palanker. “É muito emocionante.”
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Fontedecrypt