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O ano de 2026 deve marcar a transição definitiva da tokenização de um conceito em amadurecimento para uma infraestrutura financeira reconhecida pelo mercado.

Nos últimos ciclos, vimos uma expansão de ativos digitaiso avanço de contratos inteligentes e a evolução das normas aplicadas à emissão e distribuição de tokens, o que nos colocou diante de uma nova etapa de profissionalização.

A expectativa agora é que a tokenização deixe de ser protegida como uma ferramenta isolada para se tornar parte estrutural do mercado de capitais digitaisalgo semelhante ao que blockchains públicos já representam como camada de liquidação global.

Essa transformação não acontece por diversão, mas por eficiência.

Quanto mais empresas e investidores percebem como rastreabilidade, verificabilidade e programabilidade custos e erros, mais a infraestrutura tokenizada deixa de ser experimentação e se torna necessidade.

Esse movimento é reforçado por uma mudança cultural relevante.

Se nos ciclos anteriores discutimos a diferença entre digitalizar um ativo e programá-lo, hoje o setor já compreende que o valor real está na capacidade de automatizar regrasintegrar conformidade na cadeia e produzir dados auditáveis ​​desde a origem.

Esse caminho de evolução abre para que 2026 seja o ano em que os tokens passem a ser vistos como mais do que representações dos ativos tradicionais, mas capazes de carregar lógica operacional, restrições de negociação e intervenções financeiras diretamente no código. Para um mercado que busca eficiência e redução de riscos, essa maturidade técnica tem impacto direto na adoção.

O papel regulador e o avanço das estruturas digitais

A regulação será um dos pilares mais determinantes das expectativas para 2026.

O trabalho contínuo da CVMfazer Banco Central e da Receita Federaldiscutido extensamente no último ciclo, criado como base para uma abordagem mais integrada sobre ativos digitaiscom foco em transparência, segurança e interoperabilidade.

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A revisão de normas como a própria Resolução 88 mostrou ao mercado que a supervisão está disposta a atualizar limites, incorporar modelos tokenizados e ampliar a participação de investidores institucionaispeças fundamentais para escalar emissões de maior porte.

Essa combinação entre inovação regulatória e aprendizado prático tende a permitir soluções mais sofisticadas, que utilizam contratos inteligentesauditórios contínuos e estruturas de liquidação digital de forma mais homologada às boas práticas globais.

Ao mesmo tempo, há um entendimento crescente de que a regulação não deve apenas reagir ao mercado, mas promover modelos que reduzam o atrito e tornem o ambiente mais competitivo.

Em 2026, veremos um número maior de empresas operando com padrões abertos, arquiteturas componíveis e processos padronizados, o que reduz a assimetria e aumenta a previsibilidade.

A regulação brasileira, ao avançar em consonância com as lições dos pilotos públicos e das emissões privadas, pode posicionar o país como referência em mercado de capitais digitaisatraindo players globais que buscam ambientes com segurança jurídica e abertura para inovação.

Novos emissores, novos investidores e a expansão das aplicações práticas

Outro vetor essencial para 2026 será a diversificação dos emissores, estruturas e investidores públicos.

O crescimento das emissões de TIDCos avanços no uso de recebíveis tokenizados e a entrada de empresas que antes não participavam do mercado de capitais sinalizando uma relevância das aplicações práticas.

Para PMEs, a tokenização tende a ser cada vez mais vista como solução concreta para captura ágilmenor custo operacional e acesso direto ao investidor final.

Para investidores, a combinação entre dados verificáveis, pagamentos programáveis A maior padronização dos modelos de governança facilita a compreensão das operações e reforça a confiança no ecossistema.

E a tendência é que vejamos muito mais institucionais finalmente se tornando convenientes para tirar vantagem desses processos!

Essa mudança não é apenas volumétrica, mas qualitativa.

À medida que mais emissores adotam lógicas automatizadasparametrização financeira em código e estruturas que fazem uso de colaterais tokenizadoso investidor passa a enxergar o ativo digital não como alternativa exótica, mas como extensão mais eficiente da infraestrutura tradicional.

Em paralelo, a integração gradual com ambientes como Finanças AbertasAPIs de custódia e sistemas de verificação de identidade aceleram a jornada do usuário e reduzem barreiras de entrada.

Tudo isso tende a criar um ciclo em que mais emissores atraem mais investidores, o que retroalimenta a sofisticação das ofertas.

2026 como ponto de virada para a economia tokenizada

Se 2025 foi o ano em que o mercado entendeu que a tokenização é parte da infraestrutura da nova economia2026 deve ser o ano em que essa percepção se traduz em escala e alinhamento estratégico.

A combinação entre madura, adoção empresarial, modelos programáveis e maior participação institucional cria o ambiente ideal para que o setor deixe de se explicar e comece a consolidar padrões.

Esse ponto de virada também exige uma importância cultural, em que a confiança não reside apenas nas instituições, mas na arquitetura do códigon / D auditórios em cadeia e nos mecanismos que garantem execução automática e transparente.

O que vemos no horizonte é um mercado mais integrado, mais eficiente e mais conectado a uma lógica nativa digital.

A tokenização não disputa espaço com a infraestrutura tradicional, ela amplia, moderniza e prepara para um ciclo financeiro em que componibilidade, liquidez programável e interoperabilidade serão diferenciais competitivos. Para empresas, investidores e reguladores, 2026 será menos sobre experimentar e mais sobre consolidar aquilo que já se provou.

E, para quem acompanha de perto essa evolução, fica claro que a partir de agora, já não é apenas o início de um movimento, é uma consolidação de estratégias, tecnologias e infraestruturas que vão redefinir a forma como captamos, investimos e construímos valor na economia digital.

Sobre o autor

Daniel Coquieri é CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets. Empreendedor do ramo da tecnologia, foi fundador da BitcoinTrade, uma das primeiras corretoras de criptomoedas do Brasil.



Fonteportaldobitcoin

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