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A Polícia Civil de São Paulo cumpriu na quinta-feira (9) um mandato de busca e apreensão na empresa Trans X Serviços de Apoio Administrativos após um homem assumir que era laranja nessa companhia, que por sua vez estaria ligada a Francisley Valdevino da Silva, o “Sheik das Criptomoedas” que lideravam a pirâmide financeira Rental Coins.

A Trans X seria, de acordo com as investigações, uma companhia de fachada que movimentou quase R$ 500 milhões em um esquema de lavagem de dinheiro relacionado ao mercado de criptomoedas, segunda informações do site Metrópoles.

Essa empresa está cadastrada com endereço na Avenida Paulista e foi fundada em 2019 com apenas um sócio, exatamente o homem que abriu um boletim de ocorrência para denunciar a situação e que acarretou na operação da polícia.

Este homem se declarou como comodatário temporário, uma pessoa que recebe um bem gratuito temporariamente, e que depois de um prazo preciso devolve-lo sem se tornar dono. As autoridades apontam que a empresa movimentou-se a montante milionário durante três anos e foi utilizada para a recepção, transporte e remessa de ativos ilícitos.

À polícia, este sócio afirmou que a empresa não era dele na prática e que ele atuava como laranja. Ele ainda contou que havia entrado como sócio no negócio a pedido de um outro indivíduo, preso há um tempo pela Polícia Federal por envolvimento com o Sheik das Criptomoedas.

Os policiais não encontraram nada ilícito com o laranja, mas apreendeu um celular e um notebook. A investigação continua para identificar os demais membros do grupo criminoso.

O “Sheik das Criptomoedas”

Francisley é acusado de criar uma fraude com uso de criptomoedas que deixou prejuízos de até R$ 1,15 bilhão a investidores e à sociedade entre os anos de 2019 e 2022.

Conhecido como “Sheik das Criptomoedas”, ele chamou destaque na mídia por ter entre suas vítimas o cantor Wesley Safadão e a filha da Xuxa, Sasha Meneghel, que perderam R$ 1,2 milhão ao cair no esquema da empresa Rental Coins.

Quando os pagamentos da pirâmide cessaram, o Ministério Público do Paraná começou a investigar a Rental Coins em março de 2022, por conta das reiteradas reclamações de clientes por saques travados.

A pirâmide desmoronou em outubro de 2022, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Poyais, acusando o grupo na época de organizar um esquema internacional de lavagem de dinheiro a partir de uma pirâmide financeira que usava criptomoedas como chamariz. Na ocasião, Francisley foi preso.

Na realidade, as investigações pela PF tiveram início em janeiro daquele ano, quando autoridades dos Estados Unidos informaram que uma empresa internacional com atuação no país, bem como seu gerente principal, um brasileiro residente em Curitiba, estava sendo investigado em Nova York, por envolvimento em conspiração multimilionária de lavagem de capitais.

Diante do pedido de cooperação policial internacional, iniciou-se uma investigação em Curitiba para conta das suspeitas de ocorrência de crimes relacionados às fraudes praticadas nos EUA pelo brasileiro.

Em dezembro de 2022, o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) formalizou acusações contra Francisley Valdevino da Silva, por participar nos esquemas de pirâmide com criptomoedas IcomTech e Forcount, também conhecidos como “Weltsys”, além da Rental Coins.

Em agosto de 2023, ele foi um dos convocados pela CPI das Pirâmides Financeiras, mas ficou em silêncio durante o depoimento após conseguir duas decisões elaboradas no STF, uma concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso e outra por Luiz Fux.

Em outubro do ano passado, Francisley foi condenado a 56 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro e formação de quadrilha pela sua atuação com a Rental Coins. Também foram condenados Alan Siqueira Garbes, Claudete Ribeiro Chagas, Rauny Pedro Ribeiro, Ranieri Augusto Ferrari e André Luis de Almeida Martins.

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Fonteportaldobitcoin

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