Banco Central se abre para novas possibilidades de testar tecnologias e seguirá com Drex agnóstico, disse Rodrigoh (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Ó Moedas ao vivo converseu nesta quarta-feira (5) com Rodrigoh Henriques, Diretor de Inovação e Estratégia da FENASBAC (Federação Nacional das Associações dos Servidores do Banco Central), sobre os rumores que circularam sobre o possível fim do Drex.

Em resposta, Henriques negou que o projeto de moeda digital pelo Banco Central do Brasil chegou ao fim.

É importante deixar claro que o Drex não acabou. O Banco Central anunciou que vai desligar parte da plataforma que estava sendo utilizada no projeto piloto para os testes. O Drex, como projeto, volta o olhar para um caso de uso concreto: como melhor o registro e compartilhamento de gravação para melhor o sistema de crédito com esse tipo de garantia. O Banco Central, neste momento, está disposto a explorar todas as tecnologias e assume que DLT é um único caminho para isso“, destacou.

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A reportagem também descobriu o Banco Central do Brasil, que não se manifestou publicamente e nem respondeu aos questionamentos enviados até o final da redação desta.

O que aconteceu com a tecnologia que não atendeu aos requisitos do regulador?

Rodrigo: “A privacidade, tanto do ponto de vista do sigilo bancário como da LGPD, sempre será uma questão central para o desenvolvimento de novos serviços e o uso de novas tecnologias.

UM Blockchain nasce resolvendo a questão de privacidade de uma forma não usual: Ela oferece anonimato (ninguém sabe quem é o dono daquela carteira, daquela conta), mas todo mundo enxerga todas as transações da rede.

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Nenhum país pode aceitar a ideia de anonimato já que precisa garantir que, por exemplo, as movimentações financeiras não estejam sendo usadas para lavagem de dinheiro.

Nos últimos anos todo o setor está buscando modificar ou mesmo criar redes em blockchain que conheçam o usuário (KYC), mas que não os deixem totalmente transparentes todas as suas transações.

Esse é um desafio que ainda não foi superado por ninguém, mesmo com projetos muito interessantes e com alto potencial de solução no futuro que serviu no piloto do Drex.”

O consórcio de empresas e entidades que não receberam apoio entenderam a situação de forma tranquila?

Rodrigo: “O mercado está bem maduro e já havia o entendimento de que a questão de privacidade não poderia ser resolvida rapidamente dentro de um escopo amplo como foi o proposto no piloto do Drex.

Várias instituições financeiras, mesmo com esse entendimento de complexidade, não só continuam suas apostas na criação de redes em DLT para negociação de ativos tokenizados como estão dobrando suas apostas e investindo no aumento da capacidade de sua área de Ativos Digitais.

Outra ótima notícia foi a criação do projeto piloto de tokenização da Anbima que, de alguma forma, ajuda a ordenar esses esforços e já resolver a questão de termos ativos tokenizados do mercado de capitais que, neste caso, serão Debetures e Fundos de Investimento.”

A fase piloto estava conduzindo alguns testes inclusive com empresas internacionais, como um feito pelo banco Inter com instituição de Hong Kong. Mesmo assim os testes não se mostraram benéficos?

Rodrigo: “Os testes foram muito benéficos. A grande vantagem de criar projetos piloto e iniciativas de inovação como a do Drex é que todas as empresas que participam saem ganhando mesmo quando não há a resolução total do desafio de inovação.

O ganho de conhecimento dos limites da tecnologia e quais os caminhos para superá-los é um ganho gigante tanto para o regulador quando para as instituições financeiras.”

Próxima fase do Drex deve começar em 2026 e aí você não pode usar mais blockchain de forma alguma?

Rodrigo: “Sim, ó Banco Central se declarou novamente agnóstico em relação à tecnologia que será usada e isso abre possibilidades reais de exploração de soluções não DLT.”

A culpa foi da blockchain nesse caso?

Rodrigo: “É mais uma questão de desenho inicial na criação das redes blockchain do que culpa. As redes em blockchain não nasceram com a ideia de governança centralizada (quem pode ou não usar a rede, quem autoriza esse uso e de que forma) e de privacidade já que, em tese, foram resolvidas essa última questão com o anonimato do usuário.

Mas existem várias redes em blockchain nascendo exatamente com essas duas preocupações. Isso nos dá muita esperança de ter essa questão resolvida nos próximos 1 ou 2 anos.”

Como a Fenasbac vê o anúncio para o futuro do mercado financeiro brasileiro?

Rodrigo: “Há uma oportunidade muito grande para todo o mercado financeiro neste momento. O Banco Central não está abandonando a tecnologia DLT nem, mais especificamente o blockchain, pelo contrário.

A grande maioria dos projetos aceitos no laboratório de inovação do BC, que são coordenados pela Fenasbac, utiliza blockchain propondo soluções inovadoras para o SFN. Além disso, o novo laboratório de inovação da CVM, o LEAP, também está repleto de projeto com o uso desta tecnologia.

O mercado vê o potencial de ganho de blockchain como infraestrutura até para os produtos e serviços tradicionais. Além disso, os desenhos de ciclo de vida de produtos como ações e debêntures totalmente tokenizadas, de forma digital nativa, são uma grande aposta para o mercado. Várias instituições continuam com seu desenvolvimento de forma individual e também vimos um interesse gigante no projeto piloto de tokenização que a Anbima acaba de divulgar para o mercado.

Do nosso ponto de vista, como ajudamos a coordenar todos esses projetos, nunca vimos um momento tão importante para a consolidação da blockchain e da criação de novos produtos e serviços financeiros como agora.”

Vale lembrar que a Fenasbac tem apoiado o Banco Central do Brasil no Drex, participando até no processo de escolha dos participantes do piloto, desde quando ele ainda se chamava Real Digital. Assim, tudo indica que o Drex caminha para continuidade em um formato ainda não definido pela autoridade.

Fonteslivecoins

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