Arquivos vazados mostram que a Binance deixou US$ 1,7 bilhão passar por 13 contas suspeitas – incluindo US$ 144 milhões após seu acordo judicial de US$ 4,3 bilhões nos EUA – apesar dos sinais de alerta de financiamento do terrorismo e de logins estranhos.
Resumo
- Dados internos revisados pelo FT mostram que 13 contas suspeitas da Binance movimentaram US$ 1,7 bilhão em criptografia, com cerca de US$ 144 milhões em volume após o acordo criminal de 2023 nos EUA.
- Uma conta em uma favela venezuelana movimentou cerca de US$ 93 milhões, e outra vinculada a uma mulher de 25 anos recebeu US$ 177 milhões enquanto realizava 647 alterações de dados bancários e 496 contas.
- Várias carteiras receberam USDT de endereços posteriormente congelados por Israel devido a alegadas ligações ao Hezbollah e aos Houthis apoiados pelo Irão, mesmo quando a Binance alegou conformidade com “tolerância zero”.
A Binance permitiu que centenas de milhões de dólares passassem por contas sinalizadas por atividades suspeitas após um acordo de US$ 4,3 bilhões com as autoridades dos EUA em 2023, informou o Financial Times na quinta-feira.
O relatório, baseado em arquivos internos revisados pelo jornal, afirmou que contas com bandeiras vermelhas continuaram a ser negociadas na plataforma depois que a Binance firmou um acordo judicial com o Departamento de Justiça dos EUA em novembro de 2023. Os dados vazados abrangem transações de 2021 a 2025, de acordo com o Financial Times.
O jornal citou uma conta registrada em nome de um morador de uma favela venezuelana que movimentou aproximadamente US$ 93 milhões por meio da Binance ao longo de quatro anos. Alguns desses fundos tiveram origem numa rede posteriormente acusada pelas autoridades dos EUA de transferir secretamente dinheiro para o Irão e o Hezbollah do Líbano, afirmou o relatório.
Outra conta, registrada em nome de uma mulher venezuelana de 25 anos, recebeu mais de US$ 177 milhões em criptomoedas ao longo de dois anos e alterou seus dados bancários vinculados 647 vezes em 14 meses, percorrendo quase 500 contas únicas em vários países, de acordo com o Financial Times.
O jornal analisou dados vinculados a 13 contas suspeitas que, coletivamente, movimentaram US$ 1,7 bilhão em transações. Aproximadamente US$ 144 milhões desse volume ocorreram após o acordo de 2023, afirmou o relatório.
Stefan Cassella, antigo procurador federal dos EUA, disse ao Financial Times que a actividade se assemelhava à de uma empresa de transmissão de dinheiro não licenciada.
A investigação descobriu exemplos de atividades de login que pareciam fisicamente impossíveis. Uma conta vinculada a um funcionário de um banco venezuelano mostrou acesso de Caracas à tarde, seguido por um login de Osaka, no Japão, na manhã seguinte, sugerindo comprometimento da conta ou uso indevido coordenado, segundo o relatório.
Várias contas receberam fundos na moeda estável do Tether de carteiras posteriormente congeladas pelas autoridades israelenses sob as leis antiterrorismo, informou o Financial Times. Muitas transferências foram rastreadas para carteiras ligadas a Tawfiq Al-Law, um cidadão sírio acusado de movimentar dinheiro para o Hezbollah e grupos Houthi apoiados pelo Irão. Israel apreendeu contas relacionadas em 2023, e o Tesouro dos EUA sancionou Al-Law em 2024.
A Binance disse ao Financial Times que mantém controles rígidos de conformidade e uma abordagem de tolerância zero para atividades ilícitas, citando sistemas projetados para sinalizar e investigar transações suspeitas.
As descobertas surgem em meio a um escrutínio da governança da Binance após o perdão presidencial do fundador Changpeng Zhao em outubro por violações contra lavagem de dinheiro. O perdão, juntamente com a expansão dos laços comerciais entre a família do ex-presidente e entidades ligadas à Binance, complicou os esforços de supervisão, segundo ex-funcionários de inteligência citados pelo jornal.
Grande parte da atividade analisada pelo Financial Times ocorreu depois da nomeação de monitores independentes em 2024, afirma o relatório.
Fontecrypto.news



