O Banco Central (BC) deu um novo passo para afiar seus instrumentos de monitoramento do mercado de criptoativos. Em uma revisão divulgada na terça-feira (25), o Órgão reclassificou as stablecoins em suas estatísticas do setor externo, realocando-as para a conta financeira.
A mudança, que melhora a metodologia do Fundo Monetário Internacional (FMI), é técnica estatística, mas pode ter reflexos diretos no novo ambiente criado pela regulamentação do setorsancionado pelo próprio BC no início deste mês.
A revisão abrangeu os dados de janeiro de 2019 até setembro de 2025 e permitiu, pela primeira vezidentificar separadamente as transações com criptografia sem passivo correspondentecomo o Bitcoin, e aqueles com passivo, caso das stablecoins (ex.: USDT).
A reclassificação em números
Com a mudança, o Banco Central transferiu como stablecoins da “conta capital” para a “conta financeira”. Os dados ajustados mostram a crescente relevância desses ativos. Segundo o órgão, as stablecoins responderam por mais de 90% do volume de transações que o BC captura. Juntas, elas tiveram uma entrada líquida de US$ 1.887 bilhões apenas em outubro e acumularam US$ 12.917 bilhões em 12 meses.
Em termos comparativos, as transações com criptoativos como o Bitcoin, que permaneceram na conta capital, registraram uma saída líquida de US$ 26 milhões em outubro e de US$ 521 milhões no acumulado de janeiro a outubro deste ano.
Conexão com a nova regulamentação
As novas regras condicionais pelo Banco Central no último dia 10 conectam-se diretamente a esta medida, pois tratam explicitamente como operações com stablecoins como operações de câmbio. Esse alinhamento conceitual justifica a realocação desses ativos na nova categoria estatística.
A mudança tornou-se viável porque, a partir de agosto de 2024, as instituições que operam trocaram a identificação qual criptoativo era comprado ou vendido. Essa informação, anteriormente indisponível, foi crucial para a separação precisa entre os dois grupos.
UM A reclassificação estatística funciona como um pré-requisito para uma fiscalização mais eficaz. Atualmente, os dados do BC limitam-se aos contratos de câmbioexcluindo transações realizadas diretamente no exterior sem intermediação em reais.
Como regra, o Banco Central intensificará a fiscalização sobre as stablecoins a partir de maio de 2026, quando as Prestadoras de Serviços de Ativos Virtuais (PSAVs) serão obrigadas a reportar um volume maior de informações. O enquadramento desses ativos como contrato de câmbio fortalecerá ainda mais o controle do BC sobre essas negociações.
Representantes do próprio Banco Central já sinalizaram que a mudança ampliará a cobertura e tornará mais robusta a compilação de dados feita pela autoridade monetária.
Fontecriptofacil
