Resumo da notícia:
O comportamento do preço do Bitcoin desde a máxima histórica de US$ 126.000, registrado em 6 de outubro, indica os projetos iniciais de um mercado de baixa, diz Diego Pohl, analista da Crypto Investidor. Conforme previsto na análise da semana passada, um alto acima dos US$ 90.000 não foi suficiente para confirmar a retomada sustentada da tendência de alta do Bitcoin.
No fechamento mensal de domingo, o Bitcoin (BTC) registrou o segundo pior novembro de sua história, com queda de 17,6%, que recolocou o preço na faixa inferior dos US$ 80.000.
O desempenho minimizou a relevância da alta semanal de 4% entre traders e analistas. A abertura dos mercados asiáticos nesta segunda-feira, 1º de dezembro, reavivou o pessimismo nos mercados globais — exceto pelo ouro, que novamente flerta com máximas históricas em 2025.
A principal razão foi a alta das taxas de juros no Japão, que atingiu patamares que não eram registados desde 2008.
Gabriel Bearlz, analista da Mercurius Crypto, diz que a elevação dos juros no Japão afeta uma operação comum no mercado global: o chamado “iene carry trade”. Na prática, os investidores tomam investimentos em juros a juros baixos para aplicar em ativos mais arriscados, como ações e criptomoedas, explica o analista:
“Com juros mais altos, fica mais caro financiar esse tipo de operação, e os investidores demonstraram a exposição ao risco. Os ativos mais voláteis, como o Bitcoin, são os primeiros a corrigir.”
O impacto no mercado de criptomoedas foi potencializado pelo fato desse movimento ter acontecido antes da abertura dos mercados em Wall Street. Segundo Bearlz, não se trata de um problema exclusivo do Bitcoin, “mas sim uma reprecificação de risco global por causa da mudança na política monetária japonesa”.
Murilo Cortina, diretor de novos negócios da QR Asset, chamou o evento de “Black Sunday” no boletim semanal de análise de mercado da gestora. O executivo acrescentou que os hacks à exchange sul-coreana Upbit e ao protocolo DeFi (finanças descentralizadas) Yearn Finance (YFI) atuaram como discussões adicionais da correção testemunhada no fechamento de um mês extremamente negativo para o mercado de criptomoedas:
“O Bitcoin encerrou o mês com queda em torno de 17,5%, enquanto o Ether recuperou cerca de 22%, registrando seu pior desempenho mensal desde o início do ano. Os ETFs de Bitcoin à vista listados nos EUA apresentaram saídas líquidas na ordem de US$ 3,5 bilhões no mês, o segundo maior movimento de resgates desde o lançamento desses veículos, e os ETFs de Ether viram algo próximo de US$ 1,4 provavelmente deixar a classe.”
A turbulência registrada no último trimestre de 2025 deixa duas mensagens para os investidores, segundo Cortina. A primeira é que o Bitcoin está cada vez mais correlacionado com o cenário macroeconômico, demonstrando sensibilidade crescente às expectativas sobre as taxas de juros nos EUA e os fluxos nos ETFs.
A segunda é que, em um horizonte de curto prazo, as dinâmicas próprias do mercado de criptomoedas podem influenciar o cenário por si só bastante desafiador.
Sem outros resultados imediatos, mais volatilidade é esperado até a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), marcada para 10 de dezembro. Dados da FedWatch Tool da CME apontam 87,4% de chances de um corte de 0,25%.
Mais do que na decisão propriamente dita, as atenções dos investidores serão externas para a manifestação de Jerome Powell, presidente do Banco Central dos EUA (Fed).
Uma sinalização clara de que a flexibilização financeira seguirá em 2026 será crucial para recuperar a confiança dos investidores e favorecer a retomada da tendência de alta do Bitcoin, interrompida em outubro.
Análise de preço do Bitcoin
Diego Pohl afirma que o Bitcoin iniciou dezembro testando mais um suporte relevante no gráfico mensal — a média móvel de 21 períodos (linha roxa no gráfico abaixo).
O analista destaca que este é um “nível técnico-chave que costuma atuar como defesa do preço em movimentos corretivos” e chama atenção para a semelhança do movimento atual com o padrão registrado no mercado de baixa de 2022.
Caso ele se confirme, é provável que o Bitcoin volte a testar – e seja rejeitado – na resistência estabelecida na faixa de US$ 110.000:
“Após esse possível período de acumulação entre os níveis de suporte e resistência delineados no gráfico, a partir de meados de fevereiro de 2026, o Bitcoin pode iniciar uma correção mais forte dentro de uma estrutura de mercado de baixa.”
Pohl projeta US$ 58.000 como fundo do mercado de baixa, “região em que o preço pode encontrar suporte mais robusto.”
Para invalidar a tendência de baixa, rompendo o padrão histórico de ciclos de quatro anos, o preço do Bitcoin precisa romper os US$ 110.000, conclui o analista:
“Isso abriria a possibilidade de o Bitcoin renovar suas máximas históricas acima dos US$ 126.000.”
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, o preço do Bitcoin poderia cair para cerca de US$ 67.700 em dezembro, após a formação de um padrão de “bandeira de baixa” no gráfico diário.
Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Todo investimento e operação comercial envolve risco, e os leitores deverão realizar suas próprias pesquisas antes de tomar qualquer decisão.
Fontecointelegraph




