No Brasil, a adoção das criptomoedas não está sendo liderada por traders que apostam alto em tokens voláteis. Está a ser moldada por investidores mais jovens e mais cautelosos, muitas vezes utilizando stablecoins e obrigações tokenizadas como forma de proteger a sua riqueza.
De acordo com novos dados da exchange local de criptomoedas Mercado Bitcoin, compartilhados com a CoinDesk por meio de um relatório intitulado “Raio-X do Investidor em Ativos Digitais”, o grupo de investidores que mais cresceu neste ano tinha menos de 24 anos.
A participação dessa faixa etária aumentou 56% em relação ao ano anterior, com muitos optando por ativos de baixa volatilidade, como stablecoins e produtos digitais de renda fixa, como ponto de entrada, disse o relatório.
Esses produtos, oferecidos na plataforma como Renda Fixa Digital (RFD), que se traduz diretamente em “renda fixa digital”, permitem que os investidores comprem fatias tokenizadas de ativos geradores de renda do mundo real. Sua nomenclatura faz parte da abordagem “blockchain invisível” do Mercado Bitcoin.
Somente em 2025, o volume de RFD mais que dobrou, com o Mercado Bitcoin distribuindo 1,8 bilhão de reais (cerca de US$ 325 milhões) aos usuários. Em média, esses produtos entregaram 132% da taxa de referência “livre de risco” do Brasil, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Outros protocolos no Brasil também oferecem produtos similares baseados em blockchain. As plataformas de ativos do mundo real (RWA) que oferecem produtos de renda fixa no país incluem Liqi e AmFi.
A bolsa também relatou um aumento de 43% ano após ano no volume geral de transações criptográficas, com as segundas-feiras emergindo como o dia mais movimentado tanto para novos investidores quanto para atividades comerciais.
Esse padrão sugere uma mudança na forma como a criptomoeda está sendo usada: de um veículo especulativo para uma parte mais integrante da rotina financeira semanal.
Investir com base na renda
A estratégia dos investidores diferiu acentuadamente por faixa de rendimento.
Os utilizadores de rendimentos médios eram mais propensos a alocar fundos em stablecoins, até 12% das suas carteiras, enquanto mantinham 86% em ativos menos voláteis, presumivelmente obrigações tokenizadas.
“Eventos importantes, como a regulamentação da criptografia pelo Banco Central e a ascensão das stablecoins, impulsionaram ainda mais o interesse brasileiro em ativos digitais”, disse Fabrício Tota, vice-presidente de negócios de criptografia do Mercado Bitcoin, no relatório.
O banco central do Brasil introduziu novas regras para criptomoedas no mês passado, exigindo que os provedores de serviços de criptografia obtenham licenças e estabelecendo requisitos de capital específicos.
Os investidores de baixa renda colocaram mais de 90% de seus fundos em criptomoedas tradicionais como o bitcoin, provavelmente buscando retornos mais elevados e aceitando o risco adicional, de acordo com o relatório.
Fontecoindesk



