Resumo da notícia
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Stablecoin da B3 será usado para liquidação de ativos tokenizados.
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Projeto busca suprir demanda deixada pela reorganização do Drex.
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A infraestrutura permite negociações 24 horas por dia, 7 dias por semana e integração com ações tradicionais.
A B3 vai lançar uma stablecoin própria até junho de 2026, criando um novo pilar para a liquidação de ativos digitais no mercado brasileiro. A iniciativa marca um avanço relevante na estratégia da bolsa para operar em um ambiente digital contínuo, com funcionamento 24 horas por dia, independente do sistema bancário tradicional.
De acordo com informações reveladas no B3 Day, uma stablecoin será lida em reais e funcionará como o dinheiro oficial para liquidação de ativos tokenizados dentro da infraestrutura da B3.
De acordo com o documento da bolsa, a B3 está se preparando para operar uma depositária tokenizada, integrada aos trilhos tradicionais do sistema financeiro, com o objetivo de tornar as movimentações de ativos fungíveis, instantâneos e contínuos. Essa estrutura busca eliminar a separação entre o mundo tradicional e o digital, permitindo que ambos coexistam no mesmo ambiente operacional.
A mudança ocorre em linha com as mudanças propostas pela Comissão de Valores Mobiliários, CVM, na revisão da IN 88 e, principalmente, no lançamento da IN 135 “Light” que, como adiantou o Cointelegraph, previa a migração da estrutura da B3 para blockchain.
O plano começa pela tokenização da depositária, ou seja, pela criação de representações digitais dos ativos custodiados pela bolsa. Esses tokens mantêm exatamente os mesmos direitos dos ativos originais, mas passam a circular em uma infraestrutura baseada em blockchain. Com isso, a B3 se posiciona para operar em um ecossistema totalmente tokenizado, preparado para novos modelos de negociação.
Essa base tecnológica também serve como base para futuros casos de uso e novos produtos, incluindo mercados programáveis, automação via contratos inteligentes e operações fora do horário comercial. A ideia é criar uma infraestrutura flexível, capaz de evoluir conforme a demanda do mercado.
Outro ponto central é a liquidação fungível, na qual as operações podem ser liquidadas tanto no modelo tradicional quanto no modelo tokenizado, sem fricção. Isso significa que um investidor poderá transitar entre os dois formatos de forma transparente, com a própria B3 garantindo essa conversão.
Tokenização na B3
Além disso, a estratégia prevê a tokenização da relação da B3 com o investidor, permitindo que a negociação de ativos tokenizados ocorra de forma direta, segura e rastreável. Essa estrutura abre espaço para o potencial de negociação 24 horas por dia, sete dias por semana, algo inviável no modelo atual.
Nesse contexto, a stablecoin da B3 surge como elemento viabilizador de todo o sistema. Ela funciona como o dinheiro digital que circula nesse ambiente tokenizado, permitindo a compra e venda de ativos sem depender do sistema bancário tradicional.
A stablecoin poderá ser distribuída ao varejo, ampliando o acesso dos investidores ao ecossistema digital da bolsa. Ela também estará disponível tanto em redes privadas quanto públicas, garantindo interoperabilidade e flexibilidade tecnológica.
Além disso, a stablecoin permitirá operações diretas de compra e venda, funcionando como meio de liquidação instantânea dentro da infraestrutura da B3. Esse modelo elimina atrasos, compensações manuais e janelas restritas de operação.
Os benefícios desse desenho são amplos. O primeiro é a criação de um ecossistema de inovação, no qual o mercado se torna programável por meio de contratos inteligentes. Isso possibilita novos produtos financeiros, regras automatizadas e maior eficiência operacional.
Outro ganho é a coexistência de infraestruturas. O sistema tradicional e o tokenizado passam a operar simultaneamente, com transição simples para participantes do mercado, sem ruptura ou necessidade de migração abrupta.
Na prática, a B3 se prepara para deixar de ser apenas uma bolsa de negociação e se consolidar como uma infraestrutura digital completa, capaz de sustentar o futuro do mercado financeiro brasileiro.
B3 e stablecoins
Segundo Luiz Masagão, vice-presidente de produtos e clientes da B3, o mercado acelera precisando de um ativo para liquidação digital.
Ele explicou que o Drex não foi encerrado, mas teve sua plataforma de testes desligada após desafios técnicos identificados. Entre os pontos avaliados pelo Banco Central estavam a privacidade, o custo operacional e as soluções econômicas do modelo original.
A bolsa pretende usar a stablecoin também como garantia na câmara de compensação, ampliando sua economia operacional. Esse detalhe técnico permite negociações contínuas, sem a dependência dos ciclos tradicionais de liquidação financeira.
Outro ponto central é a convivência entre ativos tradicionais e tokenizados dentro da mesma infraestrutura de liquidez. Um investidor poderá negociar uma ação no formato clássico e cruzar a operação com a versão tokenizada do mesmo ativo.
A B3 fará a conversão automática entre os dois formatos, garantindo fluidez e equivalência econômica. Essa integração evita a fragmentação do mercado e mantém a eficiência da formação de preços.
O projeto também reforça o avanço da tokenização no Brasil, que já começa a ganhar espaço em renda fixa e crédito privado.
Fontecointelegraph




