Rocelo Lopes, empresário brasileiro de criptomoedas explica sua visão (Foto/Divulgação)

A recente decisão do Banco Central do Brasil de enquadrar determinadas transferências de criptomoedas como operações de câmbio reacendeu o debate sobre os rumores de regulação de stablecoins no país e seus impactos sobre inovação, investimentos e o posicionamento do Brasil no cenário global da criptoeconomia.

A norma, que se apoia no fato de que moedas estáveis já representam cerca de 90% das transações criptográficas no Brasil, parte da representação de que esses ativos estariam sendo usados ​​majoritariamente como substitutos de contratos de câmbio, seja para estrangeiros, pagamentos internacionais ou operações em corretoras estrangeiras. Para os especialistas do setor, no entanto, a generalização ignora a diversidade de usos e cria riscos relevantes para o ecossistema.

Para Rocelo Lopes, CEO da SmartPay | Rezolve Ai, a abordagem adotada é inédita quando comparada a outros mercados globais e poderia ter sido conduzida de forma mais colaborativa. Segundo ele, a ausência de diálogo com empresas e associações do setor enfraqueceu a construção de um modelo regulatório mais eficiente e alinhado à realidade tecnológica.

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O regulador partiu do comportamento majoritário, mas isso não significa que todos os usuários utilizem stablecoins como câmbio. Classificar tudo sob uma única regra ignora a complexidade do mercado e cria insegurança jurídica”, afirma Lopes.

Na avaliação do executivo, um dos principais problemas é a dificuldade prática de distinguir, na ponta, transações destinadas à autocustódia, a pagamentos, a investimentos ou a operações internacionais. Essa restrição técnica pode abrir espaço para uma tributação ampla e indiscriminada, com impactos diretos sobre usuários, startups e empresas do setor.

O risco é transformar o Brasil em um ambiente pouco atraente para inovação. Startups deixar de desenvolver soluções localmente e migrar para outros países podem com regras mais claras e desenvolvidas. Isso significa perda de investimentos, de mão de obra comprometida e de protagonismo tecnológico”, diz.

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O debate ganhou ainda mais força com a possibilidade de incidência de IOF sobre stablecoins, que aponta os desafios de enquadrar novas tecnologias em regimes tributários tradicionais. Para Lopes, a cobrança pode resultar em dupla ou até tripla tributação, já que os recursos usados ​​para aquisição de stablecoins normalmente já foram tributados em sua origem.

Tributar na entrada e na saída do mesmo recurso não faz sentido econômico. Isso pode impedir operações para a informalidade, estimular mercados paralelos e, no fim, prejudicar a sociedade”, alerta.

Apesar das críticas, o executivo acredita que ainda há espaço para ajustes. Entre as alternativas, ele defende a criação de sandboxes regulatórios, períodos de transição e maior integração entre Banco Central e Receita Federal para coleta de dados e construção de políticas baseadas em evidências.

Lopes também destaca o potencial estratégico das stablecoins lastreadas no real como instrumento de competitividade internacional. Segundo ele, uma stablecoin brasileira bem regulamentada poderia facilitar pagamentos internacionais, reduzir custos de remessas, viabilizar dinheiro programável e ampliar a presença do real em países parceiros, especialmente na América Latina e na África.

Uma stablecoin de real poderia gerar novos modelos de negócios, pagamentos programáveis ​​e até arrecadação automatizada de tributos, sem recorrer a impostos que distorcem o sistema. O Brasil tem condições de liderar esse movimento, mas isso exige diálogo, visão de longo prazo e abertura à inovação”, conclui.

Fonteslivecoins

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