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Resumo da notícia:

  • A adoção das stablecoins do real começa a desafiar a hegemonia do dólar no ecossistema de criptomoedas brasileiro.

  • O volume transacionado deve ultrapassar os R$ 20 bilhões em 2025.

  • A valorização do real, a atratividade da taxa de juros e a ineficiência operacional das stablecoins do dólar estão incentivando a migração da liquidez.

Embora as moedas estáveis atreladas ao dólar, como o (USDT) e o (USDC), são dominantes no cenário global, com uma capitalização de mercado superior a US$ 300 bilhões, sua liderança absoluta no Brasil e na América Latina começa a ser desafiada por criptomoedas garantidas a moedas locais.

Um relatório divulgado pelo fundo de capital de risco brasileiro Iporanga Ventures revela que o volume movimentado por stablecoins atreladas ao real deve ultrapassar a marca de R$ 20 bilhões em 2025.

O aumento na participação de investidores institucionais no mercado local, associado a fatores econômicos e operacionais, foi o principal responsável pela migração de liquidez para stablecoins pareadas ao real. A tendência não se restringe exclusivamente ao Brasil, mas à América Latina como um todo, desafiando a hegemonia do USDT e do USDC na região.

4 razões para o crescimento do volume de stablecoins do real

O primeiro vetor dessa mudança estrutural é a fricção operacional envolvida em transações que utilizam moedas estáveis atreladas ao dólar em detrimento de moedas locais. O relatório destaca que, na economia real, ativos como USDT e USDC não funcionam como moeda corrente, uma vez que as empresas precisam converter seus fundos constantemente para pagar impostos, impostos e fornecedores locais.

Essa necessidade frequente de conversão e rampa de saída (saída para moeda fiduciária) gera custos e ineficiências que as stablecoins locais eliminam por serem integradas ao sistema bancário, em conformidade com a regulação.

O segundo e o terceiro motivos são a orientação financeira: a desvalorização do dólar e o diferencial da taxa de juros. Em 2025, o real valorizou aproximadamente 12% em relação à moeda norte-americana. Com isso, as empresas que mantinham caixa em dólares viram suas reservas se depreciarem.

Além disso, com a taxa de juros (Selic) no Brasil em torno de 15% ao ano, os rendimentos oferecidos por ativos dolarizados se tornaram menos atrativos, incentivando a busca por instrumentos de renda fixa indexados ao Real.

Por fim, o relatório acordos uma mudança no perfil dos usuários das moedas estáveis do real: os fluxos institucionais saltaram de apenas 5% no ano anterior para 84% do volume total em 2025. Isso indica que as principais entidades do mercado local não estão usando essas moedas para negociação de criptoativos, mas sim como infraestrutura para liquidação de operações financeiras estruturadas e gerenciamento de fluxo de caixa corporativa.

As operações de “FX na cadeia”, que engloba pagamentos transfronteiriços, remessas internacionais, operações de cartões de crédito lastreados por criptoativos e fluxos de tesouraria corporativa, são os casos de uso preferencial das moedas estáveis faça de verdade.

O relatório aponta que mais de 90% do volume de transações envolvendo esses ativos está relacionado a operações de câmbio. Como resultado, a liquidez nos piscinas de moedas estáveis do dólar e do real cresceram 262% em um ano, permitindo que as operações cambiais sejam realizadas diretamente via contratos inteligentes, de forma mais rápida e barata do que pelos trilhos bancários tradicionais.

Ecossistema multicadeia

A expansão das moedas estáveis Os locais na América Latina também se refletem na diversificação das infraestruturas utilizadas para emissão e negociação desses ativos.

A Base, principal rede de Camada 2 da Ethereum (ETH) em valor total bloqueado (TVL), assumiu a liderança em volume para oferecer stablecoins de rendimento. Em segundo lugar, figura o Polygon (MATIC), que mantém forte integração com aplicações e plataformas de DeFi (finanças descentralizadas) de mercados emergentes.

O fornecimento total de moedas estáveis atreladas ao real, ao peso mexicano e ao peso colombiano já somam R$ 256,85 milhões, distribuídos em 11 blockchains diferentes.

Como moedas estáveis do real respondeu pela maior parte desse montante: o BRLV, da Crown, liderou com 40,3% do total, seguido pelo BRZ, da Transfero, com 29,9%, e o BRLA, da Avenia, com 10,2%.

O relatório conclui que como moedas estáveis locais deixaram de ser meras “fichas de cassino” para investidores do varejo, mudando-se nos alicerces da arquitetura financeira da economia globalizada:

“As stablecoins locais estão emergindo como infraestrutura crítica para a próxima fase das finanças digitais. Elas reúnem a programabilidade do blockchain, a conexão com moedas nacionais, a eficiência das redes globais de liquidez e a capacidade de composição do DeFi.”

A ascensão das moedas estáveis atreladas ao real, emitidas por entidades privadas, ocorrem no vácuo deixado pelo Banco Central ao interromper o projeto do Drex – a versão digital do real.

Conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil, a Mastercard está disponível que as soluções desenvolvidas pela iniciativa privada têm mostrado mais eficientes que diferentes projetos de moedas digitais de bancos centrais em desenvolvimento, incluindo o brasileiro.

Um gigante de pagamentos globais participou das duas fases do Piloto Drex, cuja evolução esbarrou nas limitações tecnológicas da infraestrutura empregada pelo BC.

Fontecointelegraph

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