Resumo da notícia
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Stablecoins protegem custos e aceleram pagamentos internacionais brasileiros.
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Agronegócio lidera adoção e amplia competitividade global.
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PIX e tokenização impulsionam avanço financeiro nacional.
O avanço das stablecoins redefine a estrutura do sistema financeiro global e transforma a forma como países lidam com pagamentos, crédito e liquidação internacional. No Brasil, esse movimento cresce rapidamente e se integra a uma infraestrutura construída ao longo de uma década de inovação acelerada.
Hoje, o país demonstra como tecnologia, regulação moderna e inclusão podem caminhar juntos. Há dez anos, o Brasil enfrentou um sistema caro, rígido e pouco competitivo. Agora, surge como potência digital e laboratório financeiro de referência mundial.
Esse salto não aconteceu por acaso. Ele combina o sucesso do PIX, o avanço do Open Finance, a digitalização em massa via Gov.br e a evolução crescente de serviços que se apoiam em blockchain e inteligência artificial.
O chamado ‘Brazil Stack’ virou referência global porque integra escala, inclusão e eficiência em um único modelo tecnológico”, afirma Alessandro Buonopane, CEO Latam e Brasil da GFT Technologies. Para ele, o país reinventou o próprio sistema financeiro com velocidade inédita.
Apesar dos avanços significativos, ele reforça que essa transformação marca apenas o início de uma nova fase. O Brasil agora entra no ciclo das finanças programáveis, nenhum pagamento, contrato e ativos passam a operar em código.
Stablecoins se tornam pilar da nova economia tokenizada
O mercado global de stablecoins já movimenta mais de US$ 27 trilhões ao ano, superando o volume combinado das maiores redes de cartão. No Brasil, essas moedas digitais respondem por 90% das operações de câmbio cripto declaradas.
O uso é consolidado porque oferece eficiência, liquidez contínua e acesso facilitado ao dólar.
“O Brasil vive o seu ‘momento iPhone’ da tokenização, e as stablecoins são a base dessa mudança”, afirma Buonopane. Segundo ele, o país transferiu pagamentos e agora avançou para uma nova camada financeira.
Empresas que adotam stablecoins relatam redução superior a 10% nos custos de pagamentos internacionais. Além disso, USDT e USDC representaram 71% do volume declarado à Receita Federal no primeiro semestre de 2025, demonstrando a força desses ativos no uso real.
Analistas concordam que a demanda é estrutural. Ela nasce da necessidade de liquidação rápida, rastreabilidade, menor fricção regulatória e estabilidade em economias voláteis.
“A liquidez imediata e a redução de custos criar vantagem competitiva real”, explica Sarah Uska, analista do Bitybank. Para ela, os setores exportadores lideraram a adoção.
PIX prepara o terreno para stablecoins ganharem escala mundial
O PIX, considerado uma das maiores inovações financeiras recentes, também impulsionou o avanço das stablecoins. O sistema realizou 63 bilhões de transações em 2024 e gerou economia superior a R$ 106 bilhões desde o lançamento.
Sofia Düesberg, gerente geral da Conduit no Brasil, explica essa conexão.
“A agilidade que o Pix trouxe localmente é o que as stablecoins podem fazer globalmente”, afirma. O desafio, segundo ela, é harmonizar regulamentações e criar interoperabilidade internacional.
Stablecoins replicaram a liquidação instantânea do PIX, porém em escala global. Eles permitem que uma empresa brasileira pague um fornecedor na Ásia em minutos, inclusive fora do horário bancário.
“É o fim da barreira de fuso horário e da burocracia bancária para o comércio internacional”, completa Düesberg.
O impacto também é visível nas remessas internacionais. Atualmente, o custo médio global é de 6,18%, segundo o Banco Mundial. Com stablecoins, esse valor cai drasticamente, e a liquidação passa de dias para minutos.
Essa eficiência funcionou perfeitamente na cultura de pagamentos criados pelos brasileiros, que já adotaram massa soluções móveis, instantâneas e baratas. Por isso, os analistas afirmam que o Brasil está naturalmente preparado para liderar a fase global das finanças programáveis.
Nenhum setor adota stablecoins com tanta rapidez quanto o agronegócio. Responsável por US$ 164,4 bilhões em exportações em 2024, o agro busca previsibilidade, liquidez e menor dependência do sistema bancário tradicional.
“A previsibilidade de caixa e a liquidação em minutos têm impacto direto na competitividade global”, afirma Sarah Uska. Para ela, uma regulamentação recente do Banco Central transformou as stablecoins em ferramenta institucionalizada, e não apenas experimental.
Com a demanda crescente, ambiente regulatório maduro e ofertas especializadas, os analistas classificam a adoção no agro como irreversível. O setor tem necessidade operacional, volume financeiro e forte participação no comércio global.
Tokenização avança e amplia o papel do Brasil no futuro financeiro
Além dos pagamentos, as stablecoins abrem espaço para a construção de uma economia tokenizada. O Brasil já soma US$ 1 bilhão em ativos tokenizados, e cerca de 70% dos fundos de capital de risco possuem exposição ao setor.
Outro vetor essencial é a digitalização das PMEs. O Brasil tem mais de 98% das empresas da região, muitas ainda baseadas em processos manuais. A implementação de finanças programáveis em softwares verticais promete reduzir custos, melhorar controles e aumentar a produtividade.
Buonopane resume esse momento. “O Brasil deixou de ser um mercado emergente e se tornou um laboratório global. Agora, começa a exportar modelos de inovação”, afirma. Para ele, a inclusão financeira no país foi uma escolha consciente que pavimentou o avanço atual.
O FMI confirma esse impacto. A digitalização impede barreiras, diminui a propagação, amplia o acesso e mostra ao mundo que a inovação pode ser inovadora na escala nacional.
Com o avanço das stablecoins, o país entra em nova fase. Agora, não se reinventa apenas a forma de pagar, mas sim a própria infraestrutura do dinheiro. O Brasil, mais uma vez, liderou uma transformação global. E, desta vez, essa revolução financeira é programável, interoperável e escrita em português.
Fontecointelegraph




