Resumo da notícia
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Até 50% dos produtos vendidos no festival são falsificados, impactando a arrecadação e a cadeia produtiva local.
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Blockchain funciona como um “cartório digital”, registrando a origem dos produtos de forma imutável.
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Tecnologia aproxima tradição e inovação, protegendo marcas culturais no ambiente físico e online.
O Festival de Parintins, no coração do Amazonas, carrega uma força cultural que atravessa gerações. Todos os anos, no fim de junho, a cidade se transforma em um grande palco a céu aberto. Os núcleos, os ritmos e as narrativas dos bois Garantido e Caprichoso atraem milhares de visitantes e movimentam uma economia inteira baseada em arte, tradição e identidade regional. No entanto, por trás do espetáculo, um problema antigo ganhou proporções alarmantes: a pirataria.
Uma reportagem da Época revelou que cerca de 50% dos produtos vendidos durante o festival são falsificados. Camisetas, bonés, acessórios e lembranças circulam sem solicitação, muitas vezes fora do estado e, principalmente, na internet. Esse cenário pressionou a caixa do evento, prejudicando a cadeia produtiva local e atingindo diretamente artesãos, costureiras, figurinistas e pequenos comerciantes que dependem das vendas oficiais para sobreviver.
Diante desse avanço, os organizadores da festa e responsáveis pelos bois Garantido e Caprichoso passaram a usar blockchain como ferramenta de combate às falsificações, em parceria com a empresa OOriginal, especializada no monitoramento e na autenticação de falsificações.
Para a Época, o CEO da OOriginal, Marcos Botelho, explica que um blockchain funciona como um “cartório digital”, capaz de garantir que as informações de um produto não sejam alteradas depois de registradas.
“Imagine que um blockchain fosse uma grande planilha. Você insere os dados e, depois disso, eles se tornam imutáveis. Não dá para manipular nem adulterar. Isso cria um nível de segurança muito alto”, afirma.
Antes mesmo da adoção plena do blockchain, a empresa iniciou um trabalho intenso de monitoramento digital. Botelho destaca que grande parte da pirataria ocorre em marketplaces online, onde os vendedores oferecem produtos não oficiais para consumidores de todo o país. A primeira etapa do projeto consistiu em identificar anúncios irregulares e solicitar a derrubada dessas páginas. Segundo ele, essa ação já prejudicada de forma relevante o volume de falsificações no ambiente digital.
Blockchain contra a pirataria
A segunda fase começa em dezembro de 2025 e marca a entrada definitiva da blockchain no processo. Cada item oficial dos bumbás passa a contar com um QR Code exclusivo e quando o consumidor escaneia o código, o sistema verifica se aquele produto é autêntico. É nesse ponto que o blockchain entra em ação.
Quando o fabricante registra o item, as informações de criação são gravadas na blockchain como um “carimbo de origem”, impossível de ser alterado. Se alguém tentar copiar o mesmo QR Code para outro produto, o sistema identificará imediatamente aquele código que já foi utilizado.
“O QR Code é apenas uma porta de entrada. A blockchain é uma camada de verdade por trás disso, o cartório digital que certifica que aquele item nasceu legitimamente e pertence ao Festival”, explica Botelho.
A adoção dessa tecnologia também exige que o consumidor participe ativamente do processo. Ao escanear o código, ele passa a ter acesso direto à confirmação de alterações. Isso fortalece a confiança na marca e cria uma nova relação entre público e produto oficial, baseada na transparência.
Fontecointelegraph




