A Crown, fintech especializada em infraestrutura financeira digital, iniciou as operações no Brasil com o lançamento do BRLV, uma stablecoin atrelada ao real e 100% lastreada em títulos públicos federais. A companhia recebeu um aporte de US$ 8,1 milhões em rodada lançada por Framework Ventures, Valor Capital Group, Coinbase Ventures, Norte Ventures, Paxos e o cofundador do Nubank, Edward Wible, que também integra o conselho da empresa.
O BRLV surge com mais de R$ 200 milhões inscritos e pretende disputar espaço em um mercado onde já circulam iniciativas locais como o BRZ da Transfero, a stablecoin da nTokens (BTBRL) e o Real Digital (Drex), que está sendo testado pelo Banco Central. A proposta da Crown é oferecer uma stablecoin de real com valores mobiliários, institucionais e padrões jurídicos semelhantes aos grandes emissores globais.
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Modelo de segurança e lastro público
Segundo John Delaney, cofundador e CEO da Crown, o diferencial do BRLV não é um modelo de lastro: “Um BRLV é integralmente garantido por títulos públicos do governo brasileiro. Essa estrutura permite que as instituições acessem o real de forma segura e com liquidez, compartilhando parte dos rendimentos das reservas com parceiros institucionais”, disse.
A stablecoin funciona de modo semelhante às versões últimas em dólar, como USDC e USDT, mas sem exposição a ativos privados. Cada unidade da BRLV é representada por um direito legal direto sobre os títulos que a sustentam, o que, segundo a empresa, cria um padrão inédito de transparência entre emissores emergentes.
Fintech mira protagonismo entre emergentes
O plano da Crown é posicionar-se como principal emissora de stablecoins em moeda local entre economias emergentes. “Acreditamos que a Crown pode se tornar o ‘Círculo do Brasil’”, afirmou Vance Spencer, cofundador da Framework Ventures. Ele destacou que o modelo pode atrair fluxos institucionais de capital globais específicos em rendimento não real, sem barreiras cambiais.
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Bruno Batavia, head de Tecnologias Emergentes do Valor Capital Group, reforçou a aposta: “A Crown está construindo infraestrutura financeira que combina solidez regulatória com eficiência tecnológica, ampliando o acesso global ao real e fortalecendo o ecossistema digital do país”, disse.
Conformidade e foco institucional
O protocolo do BRLV foi desenvolvido em conformidade com as diretrizes do Banco Central para provedores de serviços de ativos virtuais (VASPs). A Crown também é assessorada por Pinheiro Neto Advogados no Brasil e por escritórios internacionais especializados em regulação financeira.
A empresa afirma que o BRLV poderá ser usado por plataformas de tokenização, fintechs e investidores institucionais que buscam liquidez 24 horas em reais, automatização de operações e redução de custos operacionais.
Com nomes experientes do setor financeiro — entre eles Vinicius Correa (ex-Nubank e Pipo Saúde), Alex Gorra (ex-UBS, Rothschild e JP Morgan) e Bruno Passos (ex-Hashdex) —, a Crown aposta que o Brasil pode se tornar o principal polo de stablecoins lastreadas em moeda fiduciária da América Latina.
Contexto do mercado brasileiro de stablecoins
O lançamento do BRLV ocorre em um momento de avanço das stablecoins locais. A BRZ, criada em 2019 pela Transfero, continua sendo a mais negociada em volume, com integração direta a exchanges internacionais. Já a BTBRL, da nTokens, ganhou espaço entre instituições que buscam liquidação em reais dentro de blockchains públicas. Além disso, o Drex, projeto oficial do Banco Central, caminha para integrar o sistema financeiro tradicional à tecnologia blockchain.
Com esse cenário em expansão, a entrada da Crown adiciona competição e reforça o interesse global no real digitalizado — um movimento que pode consolidar o Brasil como um dos principais polos de inovação em stablecoins entre os mercados emergentes.
Fontebeincrypto