Principais pontos

  • As stablecoins estão se aproximando de uma capitalização de mercado de US$ 300 bilhões, mas a adoção ainda é limitada devido aos riscos de perda de paridade, garantias e confiança.

  • A perda de paridade de stablecoins como NuBits (2018), TerraUSD (2022) e USDC (2023) revelou vulnerabilidades tanto nos modelos algorítmicos quanto nos lastreados em moeda fiduciária.

  • O colapso da TerraUSD eliminou cerca de US$ 50 bilhões em valor e expôs a fragilidade sistêmica dos modelos algorítmicos.

  • Em 2025, a YU, stablecoin última lida em Bitcoin da Yala, perdeu sua paridade após uma exploração, destacando problemas de liquidez limitada e segurança entre cadeias.

As stablecoins passaram a ultrapassar um marco importante, com a capitalização total do mercado agora acima de US$ 300 bilhões. Em 6 de outubro de 2025, a CoinMarketCap registrava aproximadamente US$ 312 bilhões.

Apesar do crescimento acelerado, as stablecoins ainda não alcançaram adoção em larga escala. Um dos principais motivos é a perda recorrente de paridade em relação aos ativos que, como respaldam, sejam moedas fiduciárias como o dólar americano, commodities como o ouro ou até outras criptomoedas.

Este artigo aborda exemplos reais de perdas de paridade de stablecoins, por que elas ocorrem, os riscos envolvidos e o que os emissores podem fazer para evitá-los.

Visão histórica das perdas de paridade de stablecoins

As perdas de paridade de stablecoins ocorreram repetidas vezes no design desses ativos. Casos iniciais, como o colapso da NuBits em 2018, mostraram quanto modelos algorítmicos sem último podem ser frágeis. Até mesmo o USDt (USDT), da Tether, caiu brevemente abaixo de US$ 1 em 2018 e novamente em 2022, impulsionado por pânico no mercado e escassez de liquidez, eventos que alimentaram dúvidas sobre suas reservas.

Um dos maiores colapsos ocorreu em maio de 2022, quando o TerraUSD, uma stablecoin algorítmica, entrou em colapso após uma onda de resgates desencadear uma espiral semelhante a uma corrida bancária. Seu token irmão, o LUNA, entrou em hiperinflação, eliminando cerca de US$ 50 bilhões em valor de mercado e abalando toda a indústria criptográfica.

Stablecoins lastreadas em moeda fiduciária também perderam a paridade. O USDT chegou a cair para US$ 0,80 em 2018 em meio a temores de insolvência, e o USDC (USDC) perdeu sua paridade em 2023 após o colapso do Silicon Valley Bank, mostrando que até reservas fiduciárias enfrentam riscos típicos do sistema bancário tradicional. Dai (DAI) e Frax (FRAX), ambos parcialmente lastreados em USDC, também caíram no mesmo período, aprofundando preocupações sobre a interligação entre reservas no mercado.

Juntos, esses episódios destacam deficiências de liquidez, deterioração da confiança e riscos sistêmicos que continuam a desafiar as stablecoins, mesmo com o mercado se aproximando da marca de US$ 300 bilhões.

Você sabia? A maioria das perdas de paridade ocorre quando os pools de liquidez se esgotam. Grandes vendas drenaram liquidez disponível, dificultando a recuperação. O desequilíbrio no pool da Curve da Terra em 2022 e o pequeno pool de Ether (ETH) da Yala em 2025 demonstrou como a liquidez limitada pode amplificar choques de mercado.

Estudo de caso: o colapso da TerraUSD

O colapso da TerraUSD (UST) em maio de 2022 foi um grande golpe para o mercado criptográfico, desencadeando um acontecimento na cadeia em toda a indústria e expondo os riscos das stablecoins algorítmicas. Diferentemente das versões tradicionais lastreadas em moeda fiduciária, a UST tentou manter sua paridade de US$ 1 por meio de um mecanismo de arbitragem com seu token irmão, o LUNA.

A adoção da TerraUSD foi impulsionada pelo protocolo Anchor, que oferece rendimentos subsidiados e insustentáveis ​​de quase 20% aos depositantes da UST. À medida que cresciam as dúvidas sobre esse modelo e o mercado criptográfico, a confiança desabou, provocando uma espiral semelhante a uma corrida bancária. Os grandes investidores saíram primeiro, acelerando a perda de paridade da UST. Os primeiros sinais claros surgiram em 7 de maio de 2022, quando duas grandes carteiras retiraram cerca de 375 milhões de UST do Anchor.

Isso desencadeou uma onda massiva de trocas de UST por LUNA. Em apenas três dias, o completo de LUNA saltou de cerca de 1 bilhão para quase 6 trilhões, enquanto seu preço despencou de aproximadamente US$ 80 para quase zero, quebrando completamente a paridade da UST. O colapso expôs grandes falhas nas finanças descentralizadas (DeFi), desde modelos de rendimento irreais até a vulnerabilidade de pequenos investidores, que, sem acesso rápido às informações, acabaram prejudicando as maiores perdas.

Você sabia? As perdas de paridade de stablecoins tendem a se intensificar quando o pânico se espalha online. Durante o colapso da UST, o burburinho nas redes sociais e fóruns provavelmente alimentou a corrida por retiradas. A velocidade com que a confiança mostrou como o medo se espalhou muito mais rápido no mercado criptográfico do que nas finanças tradicionais.

Estudo de caso: a stablecoin YU da Yala

Em setembro de 2025, a stablecoin YU, última lida em Bitcoin (BTC) e emitida por Yala, sofreu uma perda de paridade após uma tentativa de ataque. Segundo a empresa de análise blockchain Lookonchain, um invasor explorou o protocolo Yala ao conquistar 120 milhões de tokens YU na rede Polygon. O invasor então transferiu (por meio de ponte) e vendeu 7,71 milhões de tokens YU por 7,7 milhões em USDC nas redes Ethereum e Solana.

Até 14 de setembro de 2025, o invasor havia convertido os USDC em 1.501 ETH e distribuído os fundos entre várias carteiras. De acordo com a Lookonchain, o invasor ainda possuía 22,29 milhões de tokens YU nas redes Ethereum e Solana, além de 90 milhões de YU permanecendo na Polygon, que não foram transferidos.

A equipe de Yala afirmou que toda a garantia em Bitcoin (BTC) estava segura, mas a YU ainda assim não conseguiu recuperar sua paridade. As funções de conversão e ponte foram desativadas, e a empresa iniciou uma investigação em conjunto com parceiros de segurança.

O evento evidenciou uma vulnerabilidade crítica: apesar de sua capitalização de mercado de US$ 119 milhões, a YU tinha uma liquidez on-chain extremamente limitada, o que se tornou suscetível a esse tipo de ataque. Em 18 de setembro de 2025, a YU conseguiu recuperar sua paridade, segundo dados do DESXcreener.

Por que as stablecoins não conseguem manter a paridade de US$ 1

Como as stablecoins têm como objetivo manter os preços satisfatórios, mas os eventos anteriores mostram que elas podem perder a paridade com o dólar em momentos de estresse. Essas falhas decorrem de fragilidades de design, sentimentos de mercado e pressões externas que expõem vulnerabilidades até mesmo em sistemas aparentemente sólidos. As principais causas incluem:

  • Escassez de liquidez: quando os pools de negociação têm poucos recursos, grandes ordens de venda provocam quedas acentuadas de preço. O pequeno pool de Ether da Yala e os swaps da Terra na Curve mostram como a liquidez limitada alimenta a instabilidade.

  • Perda de confiança e corridas bancárias: o pânico pode gerar cenários semelhantes às corridas aos bancos. Quando a confiança desaparece, as retiradas em massa pressionam os preços para baixo, e o sentimento social ou exagerado do mercado pode acelerar a espiral.

  • Falhas algorítmicas: mecanismos baseados em mint-burn, como o da UST da Terra, falham quando os resgates ultrapassam os controles. Explorações ou choques de mercado podem desestabilizar esses modelos frágeis.

  • Pressões externas: crises mais amplas, como falências bancárias, hacks ou recessões econômicas, podem comprometer a paridade em todo o mercado, aumentando a volatilidade e os riscos sistêmicos.

Você sabia? Para evitar novas perdas de paridade, os projetos estão experimentando prova de reservas, supercolateralização e auditorias em tempo real. Essas inovações representam uma mudança dos modelos puramente algorítmicos para mecanismos mais transparentes e direcionados à confiança, embora os investidores saibam que a estabilidade de US$ 1 nunca é totalmente garantida no mercado criptográfico.

Os riscos que os investidores não podem ignorar

As stablecoins são projetadas para oferecer confiabilidade, mas quando perdem a paridade, podem gerar riscos sérios para os investidores e para o mercado criptográfico como um todo. A seguir, alguns dos principais riscos que os investidores devem ter em mente:

  • Perdas financeiras: pois perdas de paridade podem causar erosão irreversível de valor. No caso das stablecoins, o risco anual de colapso é maior do que o dos bancos tradicionais, aumentando as chances de prejuízos financeiros para os investidores.

  • Falhas de segurança: Ataques, como o que ocorreu em Yala, em que tokens não autorizados foram cunhados, podem dispersar ativos entre diferentes blockchains, muitas vezes deixando os investidores com pouca ou nenhuma chance de recuperação.

  • Perguntas regulatórias e de comissão: O mercado de stablecoins está se aproximando de US$ 300 bilhões, liderado por grandes nomes como USDT, USDC e USDe. O aumento da fiscalização regulatória levantou preocupações sobre a estabilidade financeira dos emissores e destacou o aspecto limitado ainda é a adoção em larga escala.

  • Impactos sistêmicos: A falha de uma única stablecoin pode desencadear perturbações generalizadas no mercado. O colapso da Terra, por exemplo, eliminou bilhões em valor e desestabilizou sistemas DeFi relacionados, mostrando como os riscos interconectados podem amplificar os danos em todo o ecossistema criptográfico.

Lições aprendidas com os colapsos de stablecoins

Falhas recorrentes de stablecoins demonstraram tanto o potencial quanto a fragilidade dos ativos digitais atrelados ao dólar. Cada colapso exposto como lacunas de liquidez, garantias fracas e dependência excessiva de algoritmos podem corroer rapidamente a confiança.

Para mitigar esses riscos, os emissores podem focar em colaterais mais sólidos, adotando modelos supercolateralizados e ativos de alta qualidade e liquidez. A transparência também é essencial: provas de reservas, auditorias independentes e divulgação clara sobre políticas de reservas e resgates ajudam a restaurar a confiança. Os fundos de contingência também podem absorver grandes ondas de venda e estabilizar a paridade.

No aspecto técnico, auditorias completas de contratos, controles com múltiplas assinaturas e exposição limitada a múltiplas cadeias relacionadas aos riscos de segurança. Uma governança sólida e o alinhamento regulatório, estruturas sob o Regulamento de Mercados em Criptoativos (MiCA) ou projetos de lei sobre stablecoins nos Estados Unidos, junto com cobertura de seguro, garantindo maior proteção e fortalecendo a confiança dos investidores.

Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Todo investimento e operação de negociação envolvem riscos, e os leitores deverão realizar sua própria pesquisa antes de tomar qualquer decisão.

Fontecointelegraph

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *