Resumo da notícia
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A tokenização cresce e assume protagonismo no mercado brasileiro.
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Regulação nova, impulsos digitais, ativos no país.
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Drex pausa, mas a inovação continua acelerada.
O anúncio da suspensão do piloto do Drex em blockchain provocou surpresa no mercado financeiro, mas não impediu o ritmo da transformação digital no país. Ao contrário, a decisão do Banco Central abriu uma nova rodada de debates e reforçou que a tokenização de ativos, principal força dessa revolução, continua avançando com firmeza.
A pergunta que agora domina as conversas é simples: o Drex saiu do jogo ou apenas deixou espaço para a tecnologia que já está vencendo?
A interrupção do piloto não representa o fim do projeto. O Banco Central explicou que os testes revelaram desafios técnicos ligados à privacidade, especialmente no alinhamento com a Lei Geral de Proteção de Dados.
A estrutura escolhida ajustes para operar com segurança em escala nacional. Por isso, o BC entendeu que ainda não existe maturidade suficiente para uma ampla adoção. Mesmo assim, o órgão destacou que a fase 3 está prevista para 2026 e que as equipes continuam avaliando novas infraestruturas digitais.
Apesar do impacto inicial, especialistas apontam que a pausa não compromete o avanço do setor. O fundador da Droom Investimentos, Eduardo Gouvêa, avalia que a decisão representa responsabilidade institucional.
“O Drex parou, mas o Brasil não”, afirmou. Para ele, a suspensão mostra apenas que a tecnologia atual não atende aos requisitos exigidos, mas não interrompeu a modernização do sistema financeiro.
Eduardo enfatizou que a tokenização é o verdadeiro motor da transformação e seguirá evoluindo independentemente do desenho final da moeda digital.
Tokenização
Essa visão reflete uma realidade já exposta no mercado. Diversos setores passaram a adotar iniciativas de digitalização sem depender do Drex. O país possui títulos públicos tokenizados, recebíveis estruturados digitalmente, imóveis representados em blockchain e créditos de carbono operando em plataformas distribuídas. Tudo isso demonstra que a inovação já está em estágio avançado, mesmo sem uma CBDC em operação.
O Brasil continua ocupando posição de destaque internacional. A estrutura bancária sofisticada, o histórico de inovação e um ambiente regulatório dinâmico fortaleceram essa liderança.
O sucesso do Pix, por exemplo, reforçou a confiança do país como pioneiro em soluções financeiras digitais. A iniciativa mostrou que a ousadia institucional combinada com capacidade técnica gera resultados de impacto global.
Além disso, especialistas lembram que a tokenização resolve problemas que o mercado enfrenta há décadas. Os modelos tradicionais ainda sofrem com baixa liquidez, custos altos e processos lentos.
A digitalização reduz barreiras e permite acesso mais amplo a investimentos antes restritos a grandes jogadores. Por isso, o movimento atual tem caráter estrutural e não depende de um único projeto, seja ele o Drex ou qualquer outra plataforma estatal.
Ao mesmo tempo, o ambiente regulador brasileiro caminha para fortalecer ainda mais esse avanço.
O advogado Henrique Vicentin Lisboa, sócio do VBSO Advogados, afirma que “o cenário regulatório atual é bastante favorável para uma maior digitalização e tokenização dos mercados financeiros e de capitais”. Ele destaca que mudanças recentes criam condições inesperadas para a expansão rápida de novos modelos digitais.
Entre as iniciativas em andamento, a adoção das duplicatas escriturais tem papel central. A nova estrutura promete movimentar trilhões de reais e integrar tecnologias avançadas ao mercado de recebíveis.
Essa modernização cria um ecossistema mais eficiente e oferece oportunidades para empresas que operam com crédito e financiamento. Trata-se de um marco importante para indústrias que dependem de liquidez rápida e custos menores.
CVM ajuda a contribuir para a tokenização
Outro ponto decisivo é a reforma da Resolução CVM 88, atualmente em discussão. A norma, que regula ofertas públicas por plataformas de crowdfunding, deverá ser renovada pela Consulta Pública SDM 25/05. A proposta considera o crescimento do uso dessas plataformas para emissão de tokens de renda fixa.
Entre as mudanças previstas, a ampliação do conceito de emissor permitirá que securitizadoras, produtores rurais e cooperativas participem das captações. Além disso, os limites de captação devem aumentar, assim como a flexibilidade dos requisitos de entrega. Henrique Lisboa observa que essas mudanças mostram que a CVM entende o potencial dos ativos tokenizados e prevê sua expansão expressiva nos próximos anos.
A agenda regulatória também inclui a chamada Resolução CVM 135 “light”, ainda aguardada pelo mercado. À medida deve flexibilizar regras para bolsas e ambientes de balcão, permitindo que tecnologias digitais integradas sejam mais rápidas à negociação de valores mobiliários.
Quando aprovada, essa norma poderá abrir espaço para uma verdadeira reinvenção das infraestruturas de mercado, criando condições para operações em blockchain em escala institucional.
Fontecointelegraph



