Resumo da notícia:
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Em cinco anos, os computadores quânticos podem quebrar a criptografia usada em blockchains e exportar o histórico completo de transações.
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O alerta foi feito por Nic Carter, que afirma que até moedas de privacidade como Monero e Zcash podem ter sua privacidade comprometida.
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A comunidade reagiu, e especialistas em Zcash afirmam que o protocolo já possui proteções avançadas, mas alertam que riscos permanecem.
O avanço da computação quântica coloca em risco não apenas a segurança do Bitcoin, mas ameaça quebrar a privacidade de praticamente todas as transações de criptomoedas, incluindo aquelas registradas em protocolos focados em transações anônimas.
O alerta foi feito pelo pesquisador e capitalista de risco Nic Carter em uma publicação no X. Segundo Carter, quando computadores quânticos forem capazes de quebrar a criptografia de curva elíptica (ECC) — tecnologia usada na maioria das redes blockchain — será possível decifrar retroativamente transações criptografadas, expor relações entre diferentes endereços e identificar fluxos que hoje permanecem ocultos.
A advertência de Carter vale para Bitcoin (BTC), Ether (ETH), Solana (SOL) e praticamente todas as altcoins. Nem as mesmas moedas de privacidade (moedas de privacidade, em tradução livre) como Monero (XMR) e Zcash (ZEC) estão isentas desse risco:
“No caso das criptomoedas focadas em privacidade, mesmo que elas migrem para sistemas criptográficos pós-quânticos, todo o histórico de transações anteriores a essa migração poderá ser decifrado e potencialmente exposto.”
Carter estima que dentro de 5 anos, a privacidade poderá ser integralmente eliminada do ecossistema de criptomoedas. Como as blockchains registram dados de forma permanente, agentes maliciosos ou mesmo entidades governamentais têm o poder de violar o histórico de transações de todo e qualquer usuário.
Os protocolos baseados na tecnologia blockchain apresentam uma desvantagem técnica em relação a outros sistemas, argumenta o pesquisador:
“As blockchains são especialmente vulneráveis frente à computação quântica porque, normalmente, a abordagem quântica é ‘coletar dados agora e descriptografar depois’, o que significa que os adversários precisam coletar o tráfego de dados preventivamente, mas as blockchains simplesmente… publicam… tudo… para sempre.”
Zcash já tem recursos pós-quânticos, mas depende do uso de recursos avançados
A postagem de Carter provocou uma ocorrência imediata da comunidade criptográfica, incluindo desenvolvedores de projetos focados em privacidade.
Mert Mumtaz, fundador da Helius e integrante do ecossistema Zcash, soube que a ameaça quântica representa um risco para a maioria das blockchains. No entanto, argumentou que a arquitetura do Zcash oferece alternativas de proteção, desde que os usuários sigam práticas operacionais.
“A Zcash não é imune, mas certos modelos garantem que informações críticas não toquem a blockchain”, afirmou, destacando trecho de um documento assinado por Sean Bowe, especialista em criptografia e provas de conhecimento zero (ZK) que é um dos líderes da equipe de desenvolvedores do protocolo.
Segundo Bowe, as transações blindadas do Zcash já oferecem níveis de privacidade pós-quânticos:
“Notavelmente, adversários quânticos não comprometem o anonimato on-chain (do Zcash) de alguma forma. Essa vantagem é decorrente do uso de provas de conhecimento-zero, esquemas de compromisso (perfeitamente) ocultos, chaves de assinatura ‘cegas’ e fortes primitivas simétricas utilizadas em várias partes de nossa criptografia.”
Reconhecendo a superioridade técnica do Zcash em relação a outras soluções de privacidade, Carter contra-argumentou que o protocolo não estará totalmente protegido em um futuro pós-quântico.
Mesmo com recursos avançados de prova de conhecimento zero (ZK-Proof), falhas humanas (como vazamentos de ataques de exchanges, carteiras mal configuradas e exposição de metadados) reintroduzem vulnerabilidades no sistema.
Para os usuários, fica o alerta de que a privacidade absoluta dos históricos de transação no contexto pós-quântico não está garantida.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a Ethereum Foundation anunciou a criação de um grupo focado no estudo de soluções de privacidade para a rede líder de contratos inteligentes. Intitulada “Privacy Cluster”, uma iniciativa reúne 47 pesquisadores, cientistas e criptógrafos focados em soluções de desenvolvimento de privacidade integradas de forma nativa à rede.
Fontecointelegraph



